Caras Amigas,
Caros Amigos,
Um anúncio no Estadão Online chamou-me a atenção. Diz assim: "Dinheiro não leva desaforo", e aí entra uma mensagem de vendas, que não acessei. O que me interessou foi mesmo o fato da assertiva, sua atitude imperativa, atribuindo ao dinheiro personalidade, presença e força, como se fosse algo vivo, um alguém, um ser superior ao homem, de quem "não levaria desaforo".
E o pior é que humanidade, que criou o dinheiro como elemento comum de troca de mercadorias e serviços, acabou por atribuir a essa sua invenção uma espécie de essência, uma vida estranha e desumana, mas forte o suficiente para interferir na humanidade enquanto ser coletivo.
Então, saibam: dinheiro não leva desaforo; o dinheiro é um aliado das elites, sua carteira de identidade, seu passaporte para o prazer e para a exploração; seu espelho e seu destino.
Quanto aos demais, os demais são os demais... Eles sim, levam desaforo, pagam o pato, pagam a conta, pagam a dívida, pagam a prestação, pagam água, luz, supermercado e fazem uma força danada para dar aos filhos um ensino de melhor qualidade.
Os demais, esses sim, recebem o desaforo da vida e vêem, calados, o estalar do tapa e ainda têm de apresentar a outra face.
Emanoel Barreto
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