segunda-feira, 30 de junho de 2008

Quem nunca quis ser um jogador de futebol?

Caras Amigas,
Caros Amigos,
A relembrança do primeiro campeonato mundial do Brasil, além de evocar-me o início da subida da Seleção como referente internacional no jogo que fascina o planeta, permite também outro enfoque: não sei se hoje ainda somos o gigante, o time que só pelo nome exigia dos adversários reverência, cuidados táticos enormes e uma pontinha de temor. A Seleção era, como dizia Nelson Rodrigues, a Pátria de Chuteiras.

Com a explosão do futebol como negócio na Europa, somos muito mais um celeiro de craques que uma Seleção, no sentido como o brasileiro passou a entendê-la: um patrimônio imaterial do povo brasileiro; uma espécie de ego coletivo que supria ou pelo menos compensava nossa tragédia histórica, amenizando a dor mesma de sermos brasileiros.

A Seleção resgatava nos cantos mais escondidos da nossa alma coletiva um sentimento de pertença, uma alegria louca e linda, um grito dramático de gol que na verdade era um brado de desespero social. As lágrimas da vitória eram as lágrimas escondidas do dia-a-dia.

A Seleção de Dunga, parece-me, é mais um emaranhado de jogadores, uma corda de caranguejos que andam de lado, que uma equipe que mereça ser chamada de Seleção. Hoje, pegamo-nos assistindo jogos de times ou seleções de Europa: e vibrando. A Eurocopa prendeu a atenção dos brasileiros quase como se fosse um jogo da Seleção ou uma final no Rio ou São Paulo.

Alguém dirá: mas é a globalização. Pode até ser, mas representa também uma perda da nossa identidade no esporte que mais representa o brasileiro. O jogo-samba, que enchia nosso olhar de devaneios vibrantes e admiração severa. Sim, severa, porque a Seleção, além de jogar contra alguma outra, jogava contra a sua própria história. Os jogadores tinham como adversários as lendas de Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Jairzinho..., com quem inevitavelmente seriam e são comparados. Toda a mitologia ensina que a Seleção tem de vencer. Ou vence, ou não é "a" Seleção.

Não sei, parece que é inexorável essa mudança, essa perda. Grandes jogadores quase nada rendem quando vestindo as cores do Brasi; mas dão show quanto jogam na Europa. Assim, o nosso povo, desvalido e perplexo, perdeu até mesmo o direito de se chorar em seus gritos de gol.
Emanoel Barreto

Ilustração: http://paulojales.files.wordpress.com/2006/12/futebol.jpg

Um comentário:

Anônimo disse...

concordo em alguns coisas, discordo em muitas

a seleção do dunga é um emaranhado, uma corda de garanguejos... realmente, foi a melhor descrição desse time ridículo e medíocre que não o é por falta de bons jogadores, mas pela ausência de um comandante de pulso que lhes guie como um time vencedor, com "A" seleção brasileira... não à toa, sempre que a sleção vai mal, o primeiro nome na mente de 90% dos brasileiros é só um: FELIPÃO. Foi o último técnico a fazer nossos craques jogarem e terem com a seleção o mesmo compromisso de vitória que têm com os clubes. E aqui é um ponto de discórdia, pois não acho que nossos "craques" não rendam na seleção o que rendem nos clubes. Talvez o único que entre aí seja o gaúcho e mesmo assim, não esqueçamos, em 2002 ele virou o jogo difícil contra os ingleses e ainda se deu ao luxo de ser expulso e também na Copa das Confederações quando encerramos com um balé sobre a Argentina... Argentina que teme o imperador, seu carrasco incontestável; Kaká é regular e sempre apresentou o mesmo futebol, no Milan e na Seleção; Robinho, um pouco menos, ainda acho que acaba rendendo mais com a amarelinha do que com a alva camisa do Real; Ronaldinho, o gordo, dispensa comentários... ainda mais agora que se interessa por outras coisas, mas futebol na seleção nunca lhe faltou... enfim, não creio que os jogadores "não joguem" com a seleção... só falta uma coisa atualmente: COMANDO.
Quanto à Eurocopa... bem, nós crescemos com todos esses craques que você listou e esqueceu, somos amantes do futebol bonito e apreciamos aonde quer que ele esteja. Sim, vibramos com o futebol bonito e ofensivo de Holanda, Sérvia, Portugal, Turquia (!!), Espanha e até mesmo a Rússia que jogou demais quando eliminou a Holanda, mas duvido que alguém, exceto os que tenham motivos pessoais, tenha torcido para a retranca italiana ou o futebol de força e disciplina dos alemães...
Apreciamos o futebol bem jogado, independente das cores que vista.
Não ignore que o Boca possui grande número de fãs no Brasil, inclusive eu, simplesmente por ser um time que SEMPRE, em qualquer circunstância, busque a vitória. É o que nós gostamos e a seleção é e sempre será a representação desse futebol, de alegria, criatividade e gana por vitória. Só o Dunga é que não sabe.
Abçs!