quinta-feira, 13 de março de 2008

Spitz: o governador que ficou em maus lençóis


Caros amigos,
Os jogos eróticos do agora ex-governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer, continham, além do dado afrodisíaco-hedonístico, um molho que, literalmente, penetra bem fundo nos interesses da sociedade norte-americana: o dinheiro. Os agentes federais que acompanhavam os depósitos do governador a favor de firmas fantasmas que financiavam prostituição, certamente vigiavam mais o destino do money que os arroubos, os êxtases e enlevos do fauno governante em seus encontros com Ashley Alexandra, a moça da foto.
A questão moral, de estar um político de alto escalão envolvido com uma vendeuse d'amour, ficaria, certamente, em segundo plano. O culto ao dinheiro, lá, é tamanho, que nas notas de dólar está a sugestiva declaração "In God we trust". A questão era o descaminho de dinheiro, sem que o fisco tivesse sua quota. Ou seja: dinheiro girando, alguém lucrando, mas o Tesouro nada recebendo, em termos de tributo.
O dado moralidade, entretanto, tem peso específico para os americanos. E, quanto esse ingrediente insinuou-se entre os ternos e macios estofos do casal clandestino, vindo então o caso a público, fez-se soar a voz estardalhaça da tradição anglo-saxã, branca e protestante: vade retro infidelis pater. O resultado, todos já sabemos.
Enquanto isso, numa sociedade como a brasileira, mestiça, liberal, febrilmente brilhante de bacante alegria, o então presidente Itamar Franco compareceu a uma festa carnavalesca na companhia de uma mulher, uma modelo, que não portava, sob o vestido curto, uma delicada pecinha do vestuário íntimo feminino. Foram feitas e publicadas fotos. Houve comentários, chacotas. Mas... deu em nada. O fato não foi tratado como escândalo; muito mais como uma patuscada, um ato burlesco, do folclórico político mineiro.
Na verdade, o caso é mais uma visão da hipocrisia da sociedade americana. A leniência de costumes é prática antiga - aqui e lá -, e o maior ou menor repúdio a tais comportamentos depende da sociedade onde tais ocorrências se dão e venham a conhecimento público. Vejamos: se nada disso viesse a público, o governador ainda estaria em pleno mandato. Sua imagem de pater familias estaria intata. E a de homem público também.
Resumindo: o caso extra-conjugal em si, em nada compromete sua competência administrativa. Ele deveria ser socialmente julgado, sim, por enviar dinheiro a empresas fantasmas, que davam respaldo à rede de prostituição. A questão moral deveria ser resolvida entre ele e sua família. De qualquer maneira, Spitzer acabou em maus lençóis.
Emanoel Barreto
* Para não dizer que o Terra Brasilis não deu sua contribuição erótico-emprersarial ao caso, quem dirigia o negócio era a brasileiríssima Andréia Sachwartz. E jovem a moça, heim? Tem 33 anos. Quer dizer: tinha que ter samba no meio.
Foto: MySpace

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