Caros Amigos,
A imagem é de Nápoles, mas sem o lirismo, a dolce vita, o dolce far niente, a beleza romântica e o encanto que o mundo já conheceu, da linda - linda? -, cidade italiana. Nápoles, dominada pela Camorra, convive há anos com o lixo e transformou-se, literalmente, em uma área de lamentos. Não há mais bandolins ou romances. A sujeira amanheceu no meio da rua.
A Camorra controla os serviços de coleta e, em determinados pontos, enterrou lixo tóxico, vindo de outras partes do país, dizem as coisas de jornal. Há corrupção na polícia e, ao que parece, não surgiu ninguém com autoridade suficiente, ou coragem, para enfrentar a situação.
Assim é o nosso mundo: no Rio, o lixo é a violência, criteriosamente espalhada, meticulosamente apta a atingir qualquer um, em qualquer lugar; na Itália, Nápoles sumerge no lixo sólido e transforma seus habitantes em estranhos personagens desse Inferno de Dante pós-moderno.
Emanoel Barreto
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