Caros Amigos,
Quando uma escola de samba passa, qual o Brasil verdadeiro: o das mulheres belas, frenéticas, faunas seminuas, destaques que vêm do asfalto e nada têm a ver com as cabrochas; ou o Brasil dos batuqueiros, da percussão, dos puxadores de samba, dos empurradores de alegorias, pesados mamutes de luxo que o povo pobre e suado da favela ajudou a pagar?
Há aí, suponho, um encontro trágico-bacante entre o hedonismo das pagãs ricaças, belas deusas do dinheiro e fama, e o impulso febril do povo impaciente, que não suporta mais a tristeza e, uma vez por ano, sazonalmente, tem o direito de se sentir alegre em praça pública, mesmo sabendo que essa alegria é falsa, é uma alegria de aluguel e dura só uns cinqüenta minutos de desfile.
Hoje é terça-feira, prenúncio de fim de festa. Amanhã, Cinzas. E os olhos mareados de ressaca estarão sentindo que é hora de rever o mundo com suas cores reais. Tem ainda a escolha das campeãs. Haverá festa e muitos sorrisos. Depois, o País volta à normalidade. Será tempo de conviver com a luta e o salário mínimo.
Emanoel Barreto
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