terça-feira, 10 de julho de 2007

Polícia do Rio entra no samba do Pan

Caros Amigos,
A polícia civil do Rio está em greve, a quatro dias do Pan. Isso é bem Brasil. Numa cidade conflagrada por problemas sociais intensos, cercada por bandidos e invadida por uma alegria insana com os tais Jogos - que o País não teria, na prática, condições de estar bancando - os policiais negam-se a trabalhar.

Têm certamente, por objetivo, ampliar, com sua omissão, o poder de ação dos bandidos e com isso atrair alguma manifestação criminosa, para poder repercutir na imprensa. E então porão no Estado a culpa pela sua paralisação. E então poderão dizer: "Estão vendo? Eu bem que avisei..."

É a cultura da ausência da autoridade, quando mais se precisa dela. O problema é que, aqui, as autoridades, os serviços públicos já são tão ausentes, que, na prática, deles não se sente falta.

Revela-se também a quebra dos padrões normativos que devem dirigir o aparelho estatal em todos os seus segmentos, sabedores os policiais que, após o movimento, não terão punição alguma.

No mais, é samba e grito de gol e anúncios de medalhas para os "nossos meninos e meninas". Como se isso fosse fazer diferença na vida das pessoas. Mas, o pior, o pior mesmo é o seguinte: todo o rebanho seguirá as ordens da festa e vai comemorar medalhas e outros mimos ganhos pelos atletas.

No morro, enquanto isso, mais um menino estará aderindo ao tráfico, e, num hospital qualquer, uma mãe vai implorar inutilmente para que atendam a seu filho que está doente há mais de quatro dias.
Bem Brasil.
Emanoel Barreto

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