terça-feira, 26 de junho de 2007

E como se não bastasse...

Estão em poder da polícia os quatro criminosos ricos que espancaram e roubaram uma doméstica, no Rio, sob a alegação de que tratava-se de "uma prostituta", sendo portanto eles, como membros da elite, pessoas autorizadas e competentes para vigiar e punir tais "infratores".

Os jornais têm registrado, e não é de hoje, a ação de criminosos de alto poder aquisitivo que atacam pessoas de alguma forma desvalidas ou indefesas, para divertir-se e dar vazão a uma alegria bárbara e cruel
.

Em 1997, o índio Galdino Jesus dos Santos foi atacado enquanto dormia ao relento, em Brasília, e teve chamas ateadas ao corpo. Faz 17 anos que o crime foi cometido por um grupo de criminosos jovens e ricos. Nada aconteceu com eles. Estão felizes e impunes.

Temo que idêntico destino terá a ação policial-penal quanto aos que agrediram a doméstica. Temos uma larga e profunda tradição de impunidade a lastrear a nossa cultura jurídica, quando os infratores integram as elites.

E não será agora que, suponho, esse ciclo será interrompido. Os rapazes são economicamente poderosos, suas famílias podem pagar bons advogados, certamente não têm antecedentes criminais e tudo isso, aliado ao peso do seu status, será usado para oprimir a empregada e fazê-la calar, cabisbaixa e triste.

Não sei: às vezes, penso o povo brasileiro como um bicho manso. Apanha, submete-se, alegra-se com um gol e pronto. Lá vai ele cumprindo sua sina e seu fado de ser povo e alegrar-se com tão pouco.

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