quinta-feira, 28 de junho de 2007

Cristiano, Nelson Gonçalves e a história de um grande abraço

Silêncio.

Nelson Gonçalves deu um grande trago no cigarro, pegou o violão, ajeitou na perna, bebeu de um gole a cachaça de primeira e o vozeirão encheu de som o bar: todos ouviam com olhar sorridente “A volta do boêmio”.

Em meio ao numeroso grupo de amigos, todos boêmios de boa cepa, estava a figura magnífica de Cristiano Matias. Bom de copo, bom de conversa e um coração deste tamanho, Cristiano é uma dessas pessoas que, em menos de cinco minutos, faz de você mais um amigo.

Essa história com Nelson Gonçalves ele me contou em uma de minhas viagens a Minas Gerais, com Teinha. Detalhou como o grande cantor, depois do show, partiu em companhia de um grupo para o bar, em um mercado. E o espetáculo, disse, foi muito melhor do que o show. Em meio ao ambiente simples, à barulheira e ao entusiasmo de quem chegava, ele ficou horas e horas a desfiar seu largo repertório.

Cristiano é como um grande abraço: intenso e sincero. Grande anfitrião, tem sempre guardada alguma cachaça de sabor secreto, feita em algum alambique perdido nas vastidões das Gerais. Domina como ninguém a arte de preparar um bom churrasco, tudo regado a uma boa conversa e, sempre, muita alegria.


O bidogão branco ajuda a enfeitar o sorriso e a risada. E um repertório enorme de causos e fatos fazem o tempo passar tão depressa que, quando a festa vai acabar, a gente diz: “Mas, já?” Só que nesse “já” a noite se passou inteira e o sol começa a abrir mais uma manhã.


Hoje é o dia do aniversário desse grande amigo e cunhado. Às vezes, penso que já nos conhecemos há mais de cem anos, tal a forma calorosa e boa com que sempre nos recebe em sua casa.

Cristiano, nesse aniversário, em que você, mais experiente e mais sábio, se torna mais velho e faz renascer em si um meninão sempre cheio de vida, receba um abração grande. Tão grande quanto a beleza e os mistérios que habitam as montanhas dessa sempre tão grande Minas Gerais.

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