quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Quem quer um pedaço da Amazônia?

Não é de hoje que os países de centro têm os olhos voltados para a Amazônia. A biodiversidade, o rico aqüifero, a mega-territorialidade, a beleza do verde, o encanto da floresta com seus ecos e cores, tudo isso atrai há muitos anos a ganância do conquistador.

Antes, falava-se no El Dorado, nas amazonas, lendárias mulheres da Grécia antiga que seriam habitantes de lá, perdidas entre as belezas do paraíso verde. Agora, a cobiça tem olhar mais prático e preso à realidade: busca-se o domínio da floresta pelo que ela representa em potencial de riquezas e resposta do meio ambiente à poluição que os países central despejam; Amazônia, o pulmão do mundo. Não é assim que eles dizem?

Com isso, nada mais natural que apoderarem-se da Amazônia, uma vez que nós, subdesenvolvidos e ignorantes, a estamos devastando - e estamos mesmo - com queimadas, poluição de rios por garimpeiros, além da desprezível presença dos indígenas, o que somente serve para atrapalhar os planos daqueles que têm os olhos voltados para o futuro - e para os dólares que o futuro, esperam, renderá.

Não chegou a me surpreender a informação que circulou ontem na TV, dando conta de que um ministro inglês, responsável pelas questões ambientais da Grã Bretanha, chegou a propor que a Amazônia deveria, pura e simplesmente, ser privatizada.

E tudo muito simples, pelo que pude entender: bastaria que grandes grupos internacionais começassem a adquirir enormes extensões de terras, para, como legítimos proprietários, passassem a, na prática, determinar os destinos da região.

Não sei, a ser verdade a informação assim formulada, se grupos empresarais dominariam efetivamente a Amazônia, uma vez que este País ainda tem leis; leis às quais a iniciativa privada tem que se submeter. O que temo é que, em período historicamente curto, coisa de mais 30 ou 40 anos, forme-se um consenso internacional para a tomada da Amazônia.

Não seria sua privatização, mas sua internacionalização; cada grande potência ocupando uma parte do solo nacional, o que envolveria, certamente, o uso da força.

Espero que seja apenas um temor infundado, quem sabe uma divagação orwelliana. Mas, mesmo sendo assim, o hoje, a realidade de hoje, nos dá pistas suficientemente fortes para tanto: as queimadas existem, a poluição também, a ocupação de terras para plantio de soja, idem.

Tudo, tudo o que eles desejam, está se fazendo, nós estamos fazendo: até que o pior acontecerá. E aí...

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