A prefeitura de Natal anuncia que contratou o renomado Oscar Niemeyer para dirigir a implantação do Parque de Natal, o que suponho seja uma espécie de éden, um éden urbano, feito por encomenda.
O grande arquiteto, magnífico pensador, altíssimo intelectual, certamente deverá produzir uma grande obra, digna de dar à cidade um ambiente acolhedor, natureza programada, amestrada para atender à hominização do ambiente urbano/natural.
Só que há um problema. Aliás, dois problemas: primeiro, ele não virá de graça, um trabalho desse porte, feito por um profissional de tal perfil, tem um preço, que desconheço, mas que suponho ser muito alto; segundo, Natal tem, a meu ver, outras prioridades, como a drenagem do bairro de Capim Macio.
Ali se paga o mais alto, brutalmente alto IPTU da cidade e, quando chove, casas são alagadas, pessoas têm grandes prejuízos e a prefeitura fez apenas uma tímida e limitada drenagem.
Gostaria de saber qual a prioridade desse parque frente a problemas sócio-urbanos como esse das enchentes, bem como frente às ações sociais voltadas para públicos de alto nível de carência.
Suponho que o prefeito Carlos Eduardo esteja querendo deixar uma obra marcante, com a griffe de um grande artista da paisagem, um humanista que tem na natureza e nas grandes construções a essência pétrea das catedrais: belíssimo.
Só que, para uma cidade como Natal, que tem recursos limitados e tantos problemas, o Parque da Cidade bem que poderia ficar para outra hora. Afinal, a quem tem fome não se oferece uma obra de arte, mesmo que fosse a Mona Lisa. Natal tem fome de quê?
PS: Deve ser por isso que o calçadão de Ponta Negra está abandonado: o prefeito certamente espera que, com o Parque da Cidade, as pessoas esqueçam a orla destroçada e passem a fazer suas caminhadas no futuro éden de Natal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário