quinta-feira, 9 de março de 2006

Canalhas!

"A desonra é como a cicatriz na casca de uma árvore:
o tempo, longe de apagá-la, só faz aumentá-la cada vez mais."
(Autor desconhecido)

A Câmara dos Deputados perpetrou ontem um dos mais lamentáveis espetáculos que a podrura do seu plenário sórdido já pôde vomitar: absolveu dois usuários do mensalão, o deputado Professor Luizinho e o deputado Roberto Brant. O primeiro do PT, o segundo do PFL. A bile política, dizem os jornais da grande imprensa, foi secretada por um acordão reunindo PT, PSDB e PFL.

O grande mictório em que se transformou a Câmara dos Deputados salvou Roberto Brant com 283 votos, contra 156. Quando foi evacuar, o deputado Professor Luizinho
foi acolitado por 253 parlamentares (eu disse parlamentares?) contra 183. Outro envolvido no mensalão, Romeu Queiroz, do PTB, bem antes, já havia sido salvo por seus pares, melhor diria, pedreiros de latrinas.

Agora virão outros. Vejamos como as coisas vão acontecer. A manter-se a atual tendência, todos os calígulas irão triunfar. E, como você sabe, Calígula foi aquele imperador romano que prostituiu as mulheres dos senadores para arrecadar dinheiro para o Estado romano e fez de seu cavalo, Incitatus, também um grande tribuno. O cavalo foi sagrado senador, que, naquele tempo, era algo vitalício.


No Brasil, Incitatus sem dúvida alguma teria muito a ensinar. E os deputados muito a aprender. Afinal, Incitatus viria dos tempos das grandes bacanais que, em último caso, eram apenas festas religiosas, em honra ao grande deus Baco. E como os deputados gostam mesmo é de um balaco-baco, veja só, tudo estaria às mil maravilhas.
Mas Incitatus não poderia vir. E agora, fazer o quê? Esperar? Sofrer? Gritar? Lamentarmo-nos todos, cobrir nossas cabeças com cinzas e dirigirmo-nos a algum áugure ou oráculo, para saber o que acontecerá? Em verdade, em verdade vos digo: não acontecerá nada! Todos sairão com suas coroas de louros, como atletas do mundo olímpico clássico.
De uma coisa, entretanto, tenho certeza: o plenário da Câmara dos Deputados é um extrato perfeito da sociedade brasileira. Estamos ali, literalmente, representados. Somos um povo lasso, ideologicamente apascentado, leniente para com o crime, frouxo em enfrentamentos que defendam a ética e a moral. As próximas eleições vão comprovar o que digo.
Cada vez que alguém corrompe o guarda de trânsito com uma nota de dez reais, sempre que um funcionário público chega tarde ao trabalho, quando o médico deixa de ir ao posto de saúde para trabalhar, quando na academia alguém compra uma dissertação de mestrado pela internet, tudo isso, de alguma maneira, se reflete nas escolhas dos representantes políticos. É uma questão cultural, um processo de osmose, que se multiplica e se amplia, salta dos atos microscópicos do cotidiano e alcança toda a largueza das esferas políticas mais altas. Há as exceções, é claro. Mas...
Então, vamos dizer como Macunaíma:"Que preguiça..."

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho q vc n m conhece, sou Helga Barreto Tavares, pernambucana, filha da sua prima Denise Barreto. Tenho 20 anos e estudo Direito na Federal daqui. Também m interesso bastante por política, assim cm vc. Achei sua opinião bem consistente, fundamentada na atual problemática das relações executivo-legislativo bem como nos escândalos do congresso nacional q a td dia afloram na mídia.´Pretendo entrar mais aki!

Abraços,

Da sua prima Helga

Anônimo disse...

No dia que o povo brasileiro for mais politizado, teremos um Brasil mais brasileiro. Precisamos mudar o quase impossível: essa vregonha nacional que é a política, e só o faremos quando a Educação for a meta principal do Governo. Muito bem colocado o assunto deixando claro os escândalos presentes no Congresso Vamos unir forças para o esclarecimento público, só assim teremos esperança num futuro melhor para o nosso País.Continue. Parabéns! Zilda