segunda-feira, 20 de março de 2023

Luta sem trégua contra o crime organizado

Por Emanoel Barreto

Pouco a pouco a presença do aparelho policial vem reduzindo a ação dos terroristas em Natal e interior do estado. A par disso, o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, anuncia recursos da ordem de R$ 100 milhões para aplicação em segurança pública este ano no Rio Grande do Norte.

As boas notícias, contudo, não nos permitem esquecer que o combate ao crime organizado é ação de longo prazo; mais que isso, é objetivo permanente, uma vez que a forma sofisticada e complexa da atuação do bandido, o modo de pensar coletivizado de seus integrantes constituiu-se, ao longo do tempo, numa espécie de locus ideológico que age em contrafação à sociedade.

Colocando as coisas de outro ponto de vista: o bandido atua segundo ordenação, cumpre determinações cegamente, sente necessidade de assim agir uma vez que em seu cotidiano é doutrinado pelos seus líderes, a quem respeita e admira.

A sociedade brasileira precisa compreender que vai longe o tempo do assaltante solitário, da quadrilha avulsa, do desocupado que levava roupa de varal. As coisas agora são bem diversas: o bandido é inimigo interno, é antissocial, vê na sociedade o inimigo a quem busca defrontar de todas as formas: tráfico, assaltos, sequestros...

De outra parte, é preciso compreender que tais indivíduos surgiram das contradições internas da sociedade brasileira, de suas injustiças sociais históricas, do descalabro da corrução instalado no Estado e nele tornado coisa orgânica. Assim, criaram-se as condições para que o crime organizado, num processo de mimese, passasse a agir como se fora empresa, com escalonamento estatutário, objetivos e metas, organização de pessoal, chefias e exemplos a serem seguidos.

A isso podemos aduzir o aspecto de criação de vínculos de familiaridade, solidariedade, presença de amparo e apoio aos integrantes que estejam em dificuldades, atendendo a problemas que vão desde questões de saúde, até assistência advocatícia, por exemplo.

Essa situação, em toda a sua complexidade, traz o crime a um patamar perigosamente superior: a soma de todas as organizações criminosas passa a ser uma instituição no mundo paralelo do banditismo, uma vez que imbricadas de um sentido de busca de permanência na vida cotidiana e proatividade no espaço histórico. Buscam uma representatividade social perante o mundo paralelo que criaram. Consideram-se à parte da sociedade e são seus inimigos declarados.

Sendo assim, a ação do Estado brasileiro deve levar em conta que combater tais entidades deve ser interesse nacional permanente, o que inclui melhoria nos presídios e na vida dos presos, programas de reinserção e, disso não se tenha dúvida, ação firme e implacável contra o crime organizado, o que se fará com uma polícia bem treinada, bem paga, equipada e isenta de corrupção pelos participantes das entidades criminais.

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