Luta sem trégua contra o crime organizado
Por Emanoel Barreto
Pouco a pouco a presença do aparelho
policial vem reduzindo a ação dos terroristas em Natal e interior do estado. A
par disso, o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, anuncia recursos da
ordem de R$ 100 milhões para aplicação em segurança pública este ano no Rio
Grande do Norte.
As boas notícias, contudo, não
nos permitem esquecer que o combate ao crime organizado é ação de longo prazo;
mais que isso, é objetivo permanente, uma vez que a forma
sofisticada e complexa da atuação do bandido, o modo de pensar coletivizado de
seus integrantes constituiu-se, ao longo do tempo, numa espécie de locus ideológico
que age em contrafação à sociedade.
Colocando as coisas de outro
ponto de vista: o bandido atua segundo ordenação, cumpre determinações
cegamente, sente necessidade de assim agir uma vez que em seu cotidiano é
doutrinado pelos seus líderes, a quem respeita e admira.
A sociedade brasileira precisa
compreender que vai longe o tempo do assaltante solitário, da quadrilha avulsa,
do desocupado que levava roupa de varal. As coisas agora são bem diversas: o
bandido é inimigo interno, é antissocial, vê na sociedade o inimigo a quem
busca defrontar de todas as formas: tráfico, assaltos, sequestros...
De outra parte, é preciso
compreender que tais indivíduos surgiram das contradições internas da sociedade
brasileira, de suas injustiças sociais históricas, do descalabro da corrução
instalado no Estado e nele tornado coisa orgânica. Assim, criaram-se as condições
para que o crime organizado, num processo de mimese, passasse a agir como se
fora empresa, com escalonamento estatutário, objetivos e metas, organização de
pessoal, chefias e exemplos a serem seguidos.
A isso podemos aduzir o aspecto
de criação de vínculos de familiaridade, solidariedade, presença de amparo e
apoio aos integrantes que estejam em dificuldades, atendendo a problemas que
vão desde questões de saúde, até assistência advocatícia, por exemplo.
Essa situação, em toda a sua
complexidade, traz o crime a um patamar perigosamente superior: a soma de todas
as organizações criminosas passa a ser uma instituição no mundo paralelo do
banditismo, uma vez que imbricadas de um sentido de busca de permanência na
vida cotidiana e proatividade no espaço histórico. Buscam uma representatividade
social perante o mundo paralelo que criaram. Consideram-se à parte da sociedade
e são seus inimigos declarados.
Sendo assim, a ação do Estado
brasileiro deve levar em conta que combater tais entidades deve ser interesse
nacional permanente, o que inclui melhoria nos presídios e na vida dos presos,
programas de reinserção e, disso não se tenha dúvida, ação firme e implacável
contra o crime organizado, o que se fará com uma polícia bem treinada, bem
paga, equipada e isenta de corrupção pelos participantes das entidades criminais.
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