domingo, 4 de julho de 2021

 Superando a escuridão

Por Emanoel Barreto

Povos cuja estrutura socioeconômica é mantida e sustentada por um substrato histórico perverso, injusto e explorador tende inexoravelmente a repetir seu processo histórico de sofrimento das classes trabalhadoras, privilegiar fortunas, estimular políticos corruptos e aceitar regimes ditatoriais; e, terminado cada ciclo ditatorial, persiste a possibilidade de que tal situação ameace retornar uma vez, desde que mantidas as bases perversas que lhe dão sustentação. E aquelas sempre são mantidas.

O Brasil faz parte da lista, e hoje vivemos novamente momentos de incerteza política, agravada pela pandemia. A presença de Bolsonaro na cena política é a comprovação exata de que um povo, ou parcela deste, pode sim, em desespero, fazer a opção pelo pior, desde que acredite que esse pior seria uma espécie de taumaturgo a mostrar como se atravessa o Mar Vermelho.

Incapaz de compreender o significado do verbo governar, o citado indivíduo limita-se a criar situações de atrito a fim de manter-se no noticiário ou mais especialmente assegurar a integridade de seus laços com os segmentos que o elegeram.

O processo histórico, entretanto, segue seus passos, e em resposta à desordem implantada por Bolsonaro surgem a resistência e a busca de superação da crise.

As forças democráticas buscam alguma forma de união e mesmo elementos mais à direita se alinham com os interesses populares mais legítimos a fim de em 2022 não tenhamos a reeleição do desastre.

As desigualdades sociais, persistirão, todavia. E quem substituir Bolsonaro deverá dar início a um ciclo de reconstrução do estatuto do que seja governar, administrar, fixar prioridades históricas que visem banir injustiças e criar objetivos de longo prazo nos planos social, econômico, cultural, trabalhista e democrático.

Será preciso, acima de tudo, um decidido esforço civilizacional a fim de retirar o lixo e o entulho bolsonarista que hoje visam embotar corações e mentes.

Mesmo administrando o perigo de repetição do quadro citado no início deste artigo, pois a situação de injustiça não se altera por decreto, precisamos superar esta era de incertezas. É possível. Será realidade.

 

 

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