A capa de Veja e o processo de Kafka
A capa da Veja traz uma mensagem
que certamente o editor não esperava enviar aos leitores. Ato falho
jornalístico, a publicação dos Civita diz claramente que no interrogatório de
Lula não haverá exatamente isso, mas um enfrentamento, um duelo.
Um juiz jamais deveria ser
representado como um lutador de tele catch, mas ter preservada a imagem
magistral de magistrado.
E um interrogado nunca deveria
ser tido como um brutamontes em vias de entrar num ringue.
A capa da Veja, numa análise semiótica rápida, é reveladora de todo um litígio que, antes mesmo de sua publicação como cartaz de um espetáculo de luta, vem se
desenrolando com o aparente intuito de, sim, encaminhar o país a alguma forma
de enfrentamento, ânimos acirrados, dentes rilhados.
Não é democrático, fere a
civilidade, atinge o que deveria ser o desenrolar de um processo jurídico e todos os
seus rituais. Que incluem respeito, maturidade, grandeza, justiça.
A não ser que se busque um
processo na forma e conteúdo em que o tratou Kafka em sua obra genial.
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