domingo, 7 de maio de 2017



A capa de Veja e o processo de Kafka

A capa da Veja traz uma mensagem que certamente o editor não esperava enviar aos leitores. Ato falho jornalístico, a publicação dos Civita diz claramente que no interrogatório de Lula não haverá exatamente isso, mas um enfrentamento, um duelo. 

Um juiz jamais deveria ser representado como um lutador de tele catch, mas ter preservada a imagem magistral de magistrado. 

E um interrogado nunca deveria ser tido como um brutamontes em vias de entrar num ringue. 

A capa da Veja, numa análise semiótica rápida, é reveladora de todo um litígio que, antes mesmo de sua publicação como cartaz de um espetáculo de luta, vem se desenrolando com o aparente intuito de, sim, encaminhar o país a alguma forma de enfrentamento, ânimos acirrados, dentes rilhados. 

Não é democrático, fere a civilidade, atinge o que deveria ser o desenrolar de um processo jurídico e todos os seus rituais. Que incluem respeito, maturidade, grandeza, justiça. 

A não ser que se busque um processo na forma e conteúdo em que o tratou Kafka em sua obra genial.

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