domingo, 5 de março de 2017



Tudo o que é sórdido desmancha no ar

Os jornais deste domingo destacam a chamada lista de Janot, o mais novo corolário de nomes agora oficialmente atolados em atos de corrupção. Veja o que diz o Brasil 247, jornal digital:

“O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá, nos próximos dias, aberturas de inquérito no Supremo Tribunal Federal contra os principais articuladores do golpe parlamentar de 2016, que depôs a presidente eleita Dilma Rousseff  o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi delatado por ter pedido e recebido R$ 9 milhões pelo caixa dois da Odebrecht, será investigado pelo esquema de propinas na construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais".

Diz ainda o 247; "O também senador José Serra (PSDB-SP) por ter recebido R$ 23 milhões na Suíça na campanha presidencial de 2010; Moreira Franco, que recentemente ganhou foro privilegiado, será investigado por cobrar propinas nas concessões de aeroportos; já Eliseu Padilha, que se licenciou da Casa Civil, por ter pedido R$ 10 milhões à Odebrecht, pelo caixa dois da empreiteira; a lista de Janot ainda inclui os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA) e Eunício Oliveira (PMDB-CE).”
......

A percepção é clara: todo esse pessoal é parte de um governo, melhor dizendo, de uma organização, de uma empreitada que em essência está carcomida e não tem mais como manter as aparências de agir segundo a lei, a decência, a ética, a moral.

Toda essa grei, presa a velhas práticas de corrupção antes asseguradas de invulnerabilidade graças ao silêncio agora vê inverter-se a situação e, seja na imprensa tradicional, seja na praça virtual das redes sociais, tudo que é sórdido desmancha no ar. 

Nada garante que a situação final sejam processos em que todos tenham a devida pena: seja de prisão, seja de devolução de dinheiro. Afinal, estamos no Brasil.

Mas, algo mudou: a publicidade deu uma certa transparência ao processo, trouxe a corrupção às páginas ou às telas dos computadores como numa estranha e lamentável novela. 

E, ao contrário das novelas típicas, todos são maus elementos: todos estão envolvidos em tramas, na pior acepção do termo. 

Sabe-se, claro, que, como homens poderosos, terão a seu dispor times de advogados competentíssimos, detentores de todos os filtros legais que certamente, no mínimo, protelarão suas sentenças. 

Mas, não vos esqueçais do caso do todo-poderoso Cunha, hoje um presidiário que, em sua furna carcerária, tem veneno suficiente para inocular naqueles que o abandonaram. 

O que se vê, enfim, é um grupo a equilibrar-se precariamente sobre algo como uma palafita, cujas estacas bambeiam sobre a lama do pântano da política nacional. E quem cai na lama é para se sujar.

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