Tudo o que é sórdido desmancha no ar
Os
jornais deste domingo destacam a chamada lista de Janot, o mais novo corolário
de nomes agora oficialmente atolados em atos de corrupção. Veja o que diz o Brasil
247, jornal digital:
“O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá, nos próximos dias,
aberturas de inquérito no Supremo Tribunal Federal contra os principais
articuladores do golpe parlamentar de 2016, que depôs a presidente eleita Dilma
Rousseff o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi delatado por ter pedido e
recebido R$ 9 milhões pelo caixa dois da Odebrecht, será investigado pelo
esquema de propinas na construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais".
Diz ainda o 247; "O
também senador José Serra (PSDB-SP) por ter recebido R$ 23 milhões na Suíça na
campanha presidencial de 2010; Moreira Franco, que recentemente ganhou foro
privilegiado, será investigado por cobrar propinas nas concessões de aeroportos;
já Eliseu Padilha, que se licenciou da Casa Civil, por ter pedido R$ 10 milhões
à Odebrecht, pelo caixa dois da empreiteira; a lista de Janot ainda inclui os
senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão
(PMDB-MA) e Eunício Oliveira (PMDB-CE).”
......
A
percepção é clara: todo esse pessoal é parte de um governo, melhor dizendo, de
uma organização, de uma empreitada que em essência está carcomida e não tem mais como manter as aparências de agir segundo a lei, a decência, a ética, a moral.
Toda essa grei, presa a
velhas práticas de corrupção antes asseguradas de invulnerabilidade graças ao
silêncio agora vê inverter-se a situação e, seja na imprensa tradicional, seja na
praça virtual das redes sociais, tudo que é sórdido desmancha no ar.
Nada garante
que a situação final sejam processos em que todos tenham a devida pena: seja de
prisão, seja de devolução de dinheiro. Afinal, estamos no Brasil.
Mas,
algo mudou: a publicidade deu uma certa transparência ao processo, trouxe a
corrupção às páginas ou às telas dos computadores como numa estranha e lamentável
novela.
E, ao
contrário das novelas típicas, todos são maus elementos: todos estão envolvidos
em tramas, na pior acepção do termo.
Sabe-se,
claro, que, como homens poderosos, terão a seu dispor times de advogados competentíssimos,
detentores de todos os filtros legais que certamente, no mínimo, protelarão
suas sentenças.
Mas,
não vos esqueçais do caso do todo-poderoso Cunha, hoje um presidiário que, em
sua furna carcerária, tem veneno suficiente para inocular naqueles que o
abandonaram.
O que
se vê, enfim, é um grupo a equilibrar-se precariamente sobre algo como uma
palafita, cujas estacas bambeiam sobre a lama do pântano da política nacional. E
quem cai na lama é para se sujar.
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