O Brasil, o sábio trapaceiro e as
cinzas da quarta-feira
Somos um país de festa, onde
mascarados ricos caminham suntuosos pelos corredores secretos de Brasília,
trocam favores de última hora e esperam que num passe refulgente de prestidigitação,
alguém, quem sabe um louco, talvez um sábio trapaceiro consiga deslindar os nós
entrelaçados da Lava Jato e trazer paz aos farsantes.
É tudo o que eles – você sabe
quem – desejam.
Somos um país de carnaval; mas
estamos em cinzas e todos sabem disso. Pouco a pouco e vida política vai voltar
ao normal, ou seja: às manchetes.
Ali, como capítulos de uma novela
se revela a capitulação dos que são desmascarados e assumem novo papel: entram
em cena os delatores premiados.
E os delatores são como aqueles
tipos que participam do BBB: quando são expulsos do programa querem a fama a
todo custo; querem ser ouvidos, contar o que viveram, debulhar as podruras dos
que ficaram.
E assim fazem os BBBs da Lava
Jato: querem falar, são premiados com sentença benévola – a deleção e premiada,
lembra? – e ganham nas manchetes a condição de aliados da honradez – é de última
hora, claro; mas, no Brasil, você queria o quê?
Logo, logo, haverá os ex-deladores:
poderão escrever livros, virar celebridades arrependidas, quem sabe um filme
com cenas picantes?
Mas, estamos numa quarta-feira e temos cinzas. Começo a temer que nem somos um país. De qualquer maneira lá vem o Brasil descendo a ladeira.
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Imagem: https://www.google.com.br/search?q=veneza+carnaval&client=firefox-b&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiBw-WvvrXSAhUJFJAKHaEvDbkQ_AUICCgB&biw=1920&bih=922#imgrc=GrDyO8oTi4-oFM:
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