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Capa da Folha de S. Paulo |
O laissez faire do crime
Ao que venho observando, o fenômeno das organizações criminosas
no país evoluiu da simples formação de quadrilhas para a estruturação de grupos
orgânicos e identitários que agem à moda de empresas: têm seus mentores, métodos,
técnicas e setores que cuidam da administração de, digamos, custos,
investimentos e lucros das organizações.
Funcionam
até mesmo como se fossem franquias. Acima de tudo têm como cimento social o
sentimento pertencer a algo, a uma espécie de classe, sistema humano que
mobiliza laços de solidariedade e afetividade; seriam, talvez se possa dizer,
como uma fraternidade criminal, o crime como entidade formulada a partir de uma
ética paradoxal a unir seus praticantes.
No Rio Grande do Norte as últimas explosões de violência em Alcaçuz dão o exato poder de fogo dos bandidos. De um modo geral o governo do estado nada fez de
concreto e efetivo para enfrentar, muito menos conter, sequer reduzir a
capacidade do crime organizado.
A Polícia
Militar não patrulha as ruas de Natal e grande Natal; assaltos e mortes ocorrem
com precisão cotidiana como se fossem fatos programados, necessários à vida de
todo dia. Há um sentimento de medo quando alguém entra num ônibus ou caminha
por uma rua escura.
As falhas
da segurança, agora em plano nacional, vão desde a ineficácia do policiamento e
corrupção da força pública até falta de equipamento e falta de um sistema de inteligência
que rastreie as contas das quadrilhas – que têm vida bancária como se fossem
empresas legalizadas.
É preciso estancar o fluxo de caixa dos criminosos, como
também é necessário e urgente um grande esforço na fronteira oeste do país,
impedindo o ingresso de armas e drogas.
A tarefa
é complexa e exige ação preventivo-repressiva, bem como firmeza ao longo do
tempo para que surjam os efeitos desejados.
Enquanto isso
não acontece – devido à molícia, frouxidão e relaxo das ditas autoridades – o crime
sempre estará à frente. Cada vez mais organizado e atuante.
Vivemos no
Brasil uma espécie de liberalismo criminal. A omissão das autoridades
permitindo algo como um laissez faire ao
mercado do crime que tem na sociedade uma mercadoria a ser pilhada, usada e
brutalizada.
Os políticos
e os ricos estarão sempre à salvo, entocados e intocados no poder, enquanto o
restante da sociedade estará sempre na mira. E sem ter a quem apelar.
..................
Os privilegiados vão bem,
obrigado
A matéria
encontrei no UOL Economia.
Os seis homens mais ricos do
Brasil concentram a mesma riqueza que toda a metade mais pobre da
população do país (mais de 100 milhões de brasileiros), segundo o relatório da ONG Oxfam divulgado
nesta semana.
A ONG britânica de assistência
social e combate à pobreza usa como base levantamentos sobre bilionários da revista "Forbes" e dados sobre a
riqueza no mundo de um relatório do banco Credit Suisse.
De acordo com a
"Forbes", as seis pessoas mais
ricas do Brasil são:
- Jorge Paulo Lemann, sócio da Ambev (dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica) e dono de marcas como Budweiser, Burger King e Heinz
- Joseph Safra, dono do banco Safra
- Marcel Herrmann Telles, sócio da Ambev e dono de marcas como Budweiser, Burger King e Heinz
- Carlos Alberto Sicupira, sócio da Ambev e dono de marcas como Budweiser, Burger King e Heinz
- Eduardo Saverin, cofundador do Facebook
- João Roberto Marinho, herdeiro do grupo Globo
A fortuna somada desses seis
empresários era de US$ 79,8 bilhões (cerca de R$ 258 bilhões) em 2016, de
acordo com a "Forbes".

Na sexta posição entre os mais
ricos do país, João Roberto Marinho aparece empatado com seus dois irmãos, José
Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho, com patrimônio estimado em R$ 13,92
bilhões cada um. Se fosse considerado o patrimônio dos três irmãos juntos, a
desigualdade seria ainda maior, segundo a Oxfam.
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