domingo, 17 de janeiro de 2016

Saúde em caos no Rio Grande do Norte



Pandemônio no
Santa Catarina
O Sindicato dos Médicos informa a respeito da lamentável situação do hospital: bebês correm risco de vida e dia 23 enfermeiros vão parar em protesto à falta de dinheiro
Hospital usa gaze como papel higiênico
Hospital Santa Catarina: pessoas largadas no corredores

No hospital Drº José Pedro Bezerra, também conhecido como hospital Santa Catarina, na Zona Norte de Natal, as gazes que deveriam ser utilizadas nos atendimentos aos pacientes também estão sendo usadas de forma improvisada por funcionários e internos na falta de papel higiênico. O problema foi constatado em vistoria técnica realizada por representantes do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN) na última quarta-feira (13).

Além disso, o segundo maior pronto-socorro da capital (referência em ginecologia, obstetrícia e neonatologia de alto risco), mas que também recebe urgências de clínica médica e realiza cirurgias em geral, enfrenta um velho aperto das unidades de saúde do estado: a superlotação.

A situação preocupante é que no hospital três gestantes de gêmeos e uma de trigêmeos esperavam para dar a luz, mas só havia uma vaga disponível na UTI neonatal. O que significa que seis das sete crianças que nasceriam estariam completamente desassistidas diante de alguma complicação após o parto.
Falta de cuidado: paredes sujas ameaçam saúde dos pacientes

Segundo dados da direção do hospital, o Santa Catarina possui 52 leitos na clínica geral, 26 na clínica cirúrgica, 63 na obstetrícia cirúrgica, 24 na obstetrícia clínica, 10 na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulto e 20 na neonatal.

Mesmo com esta capacidade razoável para atendimento os corredores estavam abarrotados de macas e muitos pacientes aguardavam atendimentos até mesmo em cadeiras plásticas.
Como é o caso de Carlos Costa dos Santos, 33 anos, que apresentava um diagnóstico de pancreatite (inflamação no pâncreas) e colecistite (infecção na vesícula biliar). Além das dores e do desconforto de aguardar a cirurgia sem uma maca, Carlos corria risco de morte se a cirurgia não fosse realizada e o quadro se agravasse.
E os problemas não se limitam apenas aos pacientes, os médicos e enfermeiros também sofrem com alojamentos precários. Camas com colchoes deteriorados, paredes mofadas, armários quebrados e os equipamentos de televisão, ar condicionado, geladeira e fogão que existem foram adquiridos através de dinheiro dos próprios funcionários.

Em meio a todo este caos, o Sindicato Intermunicipal dos Vigilantes do Rio Grande do Norte (Sindsegur/RN) deflagram greve por atraso no pagamento dos salários dos guardas terceirizados, o que deixou as unidades de saúde do estado sem segurança.
Como se não bastasse, o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde de Natal do Rio Grande do Norte (SIPERN) já notificou o hospital que no dia 23 também irá paralisar suas atividades por falta de repasses, o que deve comprometer em 70% a nutrição do Santa Catarina.

“Mesmo acostumado com as deficiências do sistema de saúde pública no Brasil estou profundamente surpreso com a grave situação dos hospitais do Rio Grande do Norte”, declarou o presidente do Sinmed/RN, Geraldo Ferreira.
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Sofrimento e insensibilidade 
 A situação do sistema de saúde pública no Rio Grande do Norte é alarmante. A imprensa denuncia com grande frequência o quadro de desespero e sofrimento a que está exposta qualquer pessoa que tenha a desgraça de precisar de um hospital público. 
A inexistência de uma política setorial competente e eficaz institucionalizou tal situação de tal forma que aparentemente sua solução seria impossível.
Mas é possível resolver tudo o que foi acima descrito na matéria. Exigem-se para tanto decisão e competência, sensibilidade e zelo. Sem isso, sem decisão de fazer, tudo continuará como está. É verdade. E é muito perigoso que seja verdade. 
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Fotos: Sinmed




Um comentário:

Paulo Tarcisio Cavalcanti disse...

É, amigo. Uma triste realidade. Entra governo e sai governo e as coisas só fazem piorar. Infelizmente, tudo começo com o voto. Acredito que, na hora de votar, quem, realmente vota, o faz com esperança. E logo vem a decepção. Tem sido assim ao longo do tempo.