carta à chuva
Cai uma
chuva noturna e boa. Amiga do vento, a chuva se espalha como um véu d’água, um solidéu,
algo assim. Como se fossem bichinhos vivos, os pingos enfeitam vidraças e
correm para se aninhar não sei aonde.
Acho que
o barulho da chuva é a sua voz. Uma voz que tem o brilho perolado da água, um
cheiro de mato e chão. A chuva é a mãe do arco-íris que dorme nas nuvens, a avó
de todos os roçados, prima do gado sertanejo, irmã da floração das plantas. A
chuva é verde em essência. Irmã gêmea da vida.
Obrigado,
chuva, por chover.
Emanoel Barreto
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