sábado, 20 de abril de 2013



Chamem Diógenes! 

A vinda do ministro Joaquim Barbosa a Natal causou-me alguma perplexidade. Não pelo fato em si: a vinda extemporânea de autoridade para verificar a doentia, renitente, cruel, encruada situação de descalabro dos setores da Justiça no RN e segmentos com este conexos. Não; nada disso. O que chamou a minha atenção foi o festejo – justo, afinal de contas – , a um homem por ser honesto. Ou seja: chegamos ao cúmulo de um absurdo paradoxo; conseguimos aquilo que Diógenes, o filósofo cínico, não conseguiu: descobrimos um homem digno. e vibramos com tal exceção.


E isso não se deu sob o alumiar da tocha que ele portava ao meio-dia em sua busca enlouquecida e bela, mas sob o espocar dos flashes das máquinas dos repórteres fotográficos. Quer dizer: a procura transformou-se em espetáculo; a visão meio pop do ministro, o espetáculo da moralidade exposta em meio às manchetes.

O ministro visitou a nossa vergonha e falou a respeito do que todos sabemos: o Rio Grande do Norte é uma lástima. Depois da visita ao sistema penitenciário ele foi embora, não sem antes falar rapidamente a respeito da nossa Justiça, ela mesma tão trôpega e lamentável. 

Esperemos que de sua vida reste, pelo menos, uma réstia de dignidade. Enquanto isso, vamos acender tochas. E rezar, rezar muito, para que sirvam para nos mostrar o caminho pelo menos da sensatez, já que a dignidade fica mais acima.

Nenhum comentário: