Chamem Diógenes!
A vinda do ministro Joaquim Barbosa
a Natal causou-me alguma perplexidade. Não pelo fato em si: a vinda extemporânea
de autoridade para verificar a doentia, renitente, cruel, encruada situação de
descalabro dos setores da Justiça no RN e segmentos com este conexos. Não; nada
disso. O que chamou a minha atenção
foi o festejo – justo, afinal de contas – , a um homem por ser honesto. Ou seja:
chegamos ao cúmulo de um absurdo paradoxo; conseguimos aquilo que Diógenes, o filósofo cínico, não conseguiu:
descobrimos um homem digno. e vibramos com tal exceção.
E isso não se deu sob o alumiar
da tocha que ele portava ao meio-dia em sua busca enlouquecida e bela, mas sob
o espocar dos flashes das máquinas dos repórteres fotográficos. Quer dizer: a
procura transformou-se em espetáculo; a visão meio pop do ministro, o espetáculo
da moralidade exposta em meio às manchetes.
O ministro visitou a nossa
vergonha e falou a respeito do que todos sabemos: o Rio Grande do Norte é uma
lástima. Depois da visita ao sistema penitenciário ele foi embora, não sem
antes falar rapidamente a respeito da nossa Justiça, ela mesma tão trôpega e
lamentável.
Esperemos que de sua vida
reste, pelo menos, uma réstia de dignidade. Enquanto isso, vamos acender
tochas. E rezar, rezar muito, para que sirvam para nos mostrar o caminho pelo
menos da sensatez, já que a dignidade fica mais acima.
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