segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Vem, Zeus, salvar a Grécia

Homem protesta com guarda-chuva em frente a barreira policial em Atenas


Para mim, a mais expressiva imagem da crise grega. O aquiles chapliniano enfrenta o Estado desumano, sem face, aético, interessado apenas em garantir que o normal continue normal, literalmente a qualquer preço. A tragédia financeira grega, de cujas origens o povo não tem qualquer responsabilidade ou culpa, nasce do novo monstro, o monstro financeiro. Que, como Cérbero, o cão que guardava as portas do Hades, a morada dos mortos da mitologia grega, garante a pau e bala, explosões e desespero, a manutenção dos privilégios de quem causou a crise, e pune aqueles que já sofriam os males de uma das economias mais frágeis da Europa, de longa data. E fico a pensar quando voltarão os heróis, os semi-deuses, os guerreiros e os corajosos. Onde está Ulisses e sua sabedoria esperta? Teseu trará o velocino de ouro? E se o trouxer, vai entregá-lo aos monstros do mercado, a nova Hidra? Como Homero cantaria todo esse drama? Não sei. Mas, em mim, reclamo: vem Zeus, salvar a Grécia...
Thanassis Stavrakis/Associated Press

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