sexta-feira, 27 de maio de 2011

Tempos modernos

Com estardalhaço a Rede Globo lançou em forma de noticiário a chegada dos tablets ao mercado nacional. Foi no jornal da manhã, aquele apresentado por Renato Machado. A notícia cantava loas à maquininha e mostrava até a imagem de jovem que alevantava o seu iPad como um troféu. E, você acredita, os infelizes que estavam na filha de compras aplaudiam tão incrível privilégio? Isso mesmo. Depois, claro, todos saíam felicíssimos: ao comprar cada um o seu deixavam a condição de infelizes, acabavam de apalpar a felicidade.

Ressalto: a portabilidade dos computadores, é óbvio, tornou-se algo importante para os dias de hoje. O computador é ferramenta aliada ao nosso, digamos, desempenho diário. Somos, em parte, maquinizados, mas isso é processso histórico que começou quando as máquinas surgiram e fomos obrigados a nos capacitar a seu uso. 

A questão é que da forma como as coisas estão sendo encaminhadas pelo marketing o homem, que poderia e deveria usar as máquinas como uma espécie de prótese social para seu desempenho seja no trabalho, no lazer, enfim, na vida cotidiana, protetizou-se em função da relação de deslumbre com aparelhinhos como o iPad.

Você sente-se como que obrigado a usar todos os "recursos" do iPad como se fosse um ritual de inserção aos tempos modernos. Veja bem, a palavra recurso indicia algo a seu dispor e, diz o Houaiss, é um substantivo que designa "meio empregado para vencer dificuldade ou embaraço". Todavia, numa espécie de semântica comportamental, o substantivo, o meio, passou a coisa essencial e coloca o ser humano como periférico adstrito à coisa central, ao "recurso". E a pessoa torna-se modernete com o seu iPad reluzente.

Não nego a importância ou validade da iniciativa em si, como instrumental facilitador de nossas vidas. O que deploro é a forma como isso é vendido, tornando-o grilhão de quem o deveria vivenciar como artefato. A sensação de que se deve comprá-lo, a fim de não "ficar por fora".

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá!

Eu já considero um excesso esse negócio de usar o celular o tempo todo, até criança em escola, precisa isso? Capitalismo mega selvagem demais pro meu gosto.

Abraço,

Fabiola (Blog da Biula)
Estou comentando como anônima por causa do bug no blogger.