quinta-feira, 4 de março de 2010

Carta aberta aos Vereadores de Natal

Sras. Vereadores,



Srs. Vereadores


É com indignação, e alguma esperança no trabalho e consciência cívica de Vossas Excelências, que lhes envio esta denúncia à ação que a Prefeitura do Natal perpetra contra os moradores da Rua Industrial João Mota, Capim Macio, a pretexto de acabar com as inundações na área – especificamente na citada rua, onde moro.


Trata-se de trabalho de engenharia vergonhoso, onde não se respeita a mais comezinha lei do mundo, inderrogável e apolítica: a lei da gravidade. Explico: a pista de rolamento ficará bem mais alta que as calçadas, o que sem dúvida encaminhará as enxurradas em período chuvoso para dentro de nossas casas. É uma possibilidade que, posso lhes assegurar, é aterradora.

Além disso, esteticamente é um desastre, pois o meio-fio, também muito alto em relação às mesmas calçadas é um insulto até mesmo ao mais ingênuo olhar sobre como que deveria ser um processo bem feito de urbanização. Um lugar bom para se morar. As fotos podem ser vistas neste blog e dão uma dimensão bem clara do que digo. 


Ontem (dia 3), ao chegar à minha casa, cerca de 17h, deparei-me, estarrecido, com um amontoado de areia jogado à entrada da garagem. Resultado: o carro, para entrar, encostava no chão. Se estiver com todos os ocupantes e se for sair não sai; da mesma forma, se for entrar, não entra. Outras casas também enfrentam problemas semelhantes. Só vendo para crer.


Trata-se de uma violência à cidadania. Repito: só vendo para crer. Assim, o motivo desta carta é cobrar desta Casa que tome posicionamento apartidário, sereno, firme e íntegro e, se necessário implacável, em defesa da comunidade. Aquilo não é uma obra de engenharia, antes é uma aberração brutal, grotesca, tosca e descabida.

O que temo? Temo que, caso a Câmara Municipal tenha comportamento de indiferentismo, omitindo-se, a construtora dará os trabalhos por terminados, a fiscalização das obras os aceitará como “excelentes” e ficaremos jogados à própria sorte. A iniciativa privada, claro, atenta apenas aos seus lucros, jamais irá refazer o trabalho se não for impedida a tempo por Vossas Excelências, que desta forma estariam em apoio inercial à complacência do Município.

Desta forma, como cidadão e como jornalista, cobro dos Srs. e Sras. Vereadores e Vereadoras alguma ação. É preciso embargar essa obra e obrigar Prefeitura a refazer tudo, rebaixando o nível da pista. Peço, inicialmente, que venham à Industrial João Mota presenciar o lastimável espetáculo a que estamos submetidos. Mas, se tiverem a sensibilidade ou pelo menos disposição de agir, que o façam logo, que o façam hoje, pois a pavimentação que está sendo implantada é um logro e uma brutalidade. Uma obra sem qualquer compromisso com atitude de governo municipal regida pelo mais elementar senso de compromisso e responsabilidade social. Aquilo não é uma obra, insisto: é um insulto.


Já denunciei à imprensa e a outros jornalistas que, como eu, têm blogs, Ricardo Rosado e Blog do Barbosa, são exemplos. Manifestaram indignação. Falta agora a palavra dos representantes do povo. Está sendo anunciada reunião com os moradores, às 19h30 de hoje, na Faculdade Maurício de Nassau. Cobro que algum representante da Câmara esteja presente.


Falo de sociedade civil organizada, entendem? E os vereadores têm obrigações para com esta. Sabem disso, não é?


Espero poder confiar na sinceridade de propósito de Vossas Excelências, tão vigorosamente exposta em vossas campanhas eleitorais.

Saudações,


Emanoel Barreto
Jornalista, professor do Curso de Comunicação Social da UFRN

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