segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Foto: Pawel Kopczynski/Reuters

Menos, companheiro, menos...
Emanoel Barreto

A foto da Reuters registra o momento em que mulher deposita flores onde já foi o muro de Berlim, cuja queda é hoje comemorada como marco de "liberdade". Sem qualquer louvação ao tipo de socialismo praticado pelos alemães do leste, é preciso levar-se em consideração o que é "liberdade". Todos os sistemas do mundo se apresentam como regimes de liberdade.

Liberdade para quem? Para o geral, para o todo, ou para os que criam esse conceito? O totalitarismo no estilo soviético é algo deplorável, uma espécie de depravação civil. Mas, imaginar-se que, sob o capitalismo, que é também uma forma de totalitarismo, estamos em liberdade, é algo que a ideologia, como falseamento da realidade, trabalha e muito bem.

Foi bom cair o muro? Foi. Mas, entendo que não há liberdade onde persistem pobreza, discriminação, sofrimento e manipulação de seres humanos para o lucro de uns poucos. De qualquer maneira a democracia formal, em sua formalidade mesma , é algo que permite vislumbre da possibilidade de um passo adiante, para uma sociedade mais justa.

Mas, insisto: dizer que se comemora a "liberdade" é um pouco de exagero, no mínimo isso. Pode-se comemorar? Até creio que sim. Mas, menos, companheiro, menos...

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