sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O medo do corpo
Emanoel Barreto

Vi, há poucos dias, no Areoporto Augusto Severo, três figuras que chamavam atenção. Três freiras, embuçadas em seus enormes e sufocantes vestuários, mais pareciam três harpias. Do corpo, somente suas faces podiam ser vistas, tão encobertas que estavam por seus mantos.

A religiosidade tem isso: a busca pela anulação do corpo, corpo como forma vergonhosa de o ser humano existir, com suas premências, necessidades e anseios. O corpo é uma culpa. Repudiar o próprio corpo, entendem os que assim pensam, é uma forma de chegar ao divino. Mas o corpo continua lá, vive, pulsa, transmite.
E nenhum véu ou tecido grosso pode impedir que, no íntimo do ser, o corpo continue a ser o maior interesse de quem o teme e o rejeita.

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