sexta-feira, 12 de junho de 2009

Os robos? Os robôs somos nós
Emanoel Barreto

Diz a Folha: Esta sexta-feira (12) é emblemática para o mercado de TV nos Estados Unidos: redes do país vão desligar a transmissão do sinal analógico e passar a usar apenas o digital. O problema é que 2,8 milhões de domicílios americanos --2,5% do mercado-- ainda estão completamente despreparados para o processo.
Isso é preocupante porque os proprietários de televisores analógicos não poderão ver TV, a menos que assinem serviços de TV digital por cabo, substituam seu televisor por um modelo com "set-top box" (necessário para receber o novo sinal) embutido ou adquiram um conversor.

No Brasil, medida semelhante está marcada para 2016, segundo o cronograma oficial, mas o governo já falou em adiar a medida. Quando o sistema analógico for desligado, para assistir à televisão, será preciso comprar pelo menos o conversor.
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Vivemos um mundo onde o sistema eletrônico de comunicação assume mais e mais centralidade. TV e internet tornaram-se condição essencial à existência das sociedades. Já imaginou um mundo sem os dois? A violência desse choque revolucionaria à ré nossa realidade. Desmantelaria por completo o sistema de vida do planeta, que teria de voltar ao telégrafo, ao rádio e ao jornal impresso como únicos meios de comunicação interpessoal ou de massa, sem esquecer a telefonia.

É óbvio que jornal e rádio ganhariam impulso e rafariam sua importância como nunca, suprindo-nos de informação e lazer. Mas a ausência da TV e da internet nos daria uma sensação de vazio, pois tornamo-nos seres televisivos e, mais e mais, internéticos. Ou seja: como dizia McLuhan nos anos 1960, o meio transformou-se na mensagem.

Agora, com a iminência do fim da TV analógica, estamos ao limiar de um novo tempo, para o bem ou para o mal. Isso significa dizer que teremos a modernidade de um aparelhamento televisivo sofisticado. Mas implica também o crescimento de poder das corporações setoriais, que mais e mais obtêm domínio e direção, influindo, não há dúvida, nas decisões de sociedade civil pela massificação de suas mensagens, que mais tratam de um mundo paralelo que da vida real.

Estamos nos encaminhando a passos largos para uma sociedade planetarizada, onde informação e entretenimento, que os acadêmicos chamam de infotainment, formam uma realidade que transita do real para a fantasia e não há delimitação mais explícita. Isso termina tendo um forte peso político, pois obscurece o anúncio de fatos de importância para tratar de realidade mais doce e, portanto, fantasista e aliciante.

Certamente você já ouviu alguém dizer: "Não suporto mais ver o noticiário da televisão. Só tem coisa ruim." Não deixa de ser verdade. Mas é aí, perigosamente, que entra o infotainment para dopar o telespectador. A novela é o exemplo mais antigo. De alguma forma isso também ocorre na internet, onde você tende a buscar o YouTube ou o MSN.






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