
O ladrão atencioso: rouba, mas amanhã devolve
Emanoel Barreto
Deu na TV: nos Estados Unidos, um assaltante invadiu com calma e diplomacia uma loja e exigiu que o balconista lhe entregasse 50 dólares. O homem ouviu o anúncio de assalto, manteve-se calmo e... não entregou o dinheiro. Ao que vi, o assaltante não estava armado.
Ante a resistência, o assaltante pediu para falar com o gerente. O balconista ligou para o gerente e passou o telefone ao ladrão que, então, pediu... um empréstimo. O gerente atendeu e, dia seguinte, o homem voltou à loja e devolveu o dinheiro. Disse que precisava dos dólares para pagar um táxi. E, como estava sem dinheiro, resolveu fazer o assalto que se transformou em empréstimo.
É o que talvez se possa chamar de ética no crime. Na verdade, uma situação fantástica, que dá bem a dimensão do quanto a vida pode ser estranha, até mesmo bondosamente estranha. Trata-se de uma idiossincrasia, esse assalto. Da parte do assaltante, revela um drama íntimo, talvez um pedido de socorro, um discurso comportamental em que alguém, em meio aos seus dilemas internos, se socorre de situação-limite. É isso que ainda me faz acreditar no ser humano.
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