segunda-feira, 5 de janeiro de 2009


Se o jornalismo não mostra, a ficção nos traz o medo
Emanoel Barreto

Esse novo noticiário - Pouco depois das 11 da noite de hoje, a Record estreia a série "A lei e o crime". A produção pode ser tida como apenas mais um investimento da emissora na sua teledramaturgia, inspirada no sucesso do filme Tropa de elite. Todavia, pode-se lançar um olhar também jornalístico, uma visão mais aprofundada a respeito de uma realidade que o jornalismo mesmo não enquadra em sua cotidianidade televisiva.

A série, provavelmente, não tem intenção de questionar a realidade dos morros, sua miséria - moral e material - mas há uma possibilidade de ampliação do olhar sobre essa parcela da vida brasileira, das "comunidades" como hoje são chamadas suas populações. Mas, esse efeito não pretendido será inevitável, caso se tenha um olhar que vá além dos propósitos meramente comerciais e melodramáticos da emissora.

A extinta TV Manchete chegou a realizar programas jornalísticos em que o policiais, com microfones presos ao corpo, eram seguidos pelas equipes de jornalismo, obtendo-se assim um efeito de realidade. O telespectador sentia-se como que transportado, em presença do que ocorria. Os soldados ofegantes, cansados, tensos, falavam aos tropeços, enquanto davam andamento a suas missões.

Mesmo admitindo-se o sensacionalismo, percebia-se ali o ser humano em momentos pungentes, em perigo, em medo. Agora, com a investida da Record no filão aberto por Tropa de elite, será possível entrevivermos como se dá a vida no crime com uma profundidade algo maior que a do noticiário.

De alguma forma isso é jornalismo, pois é inevitável a comparação, tal a proximidade que há entre o noticiário e a ficção, unidos pelo hifen social da brutalidade. O discurso visual dos enquadramentos das câmeras é assemelhado, com o detalhe de que o panorama da favela será mostrado em detalhes pelo olho do cinegrafista cinematográfico.

Sintetizando: é preciso que uma obra de ficção venha a público para, de alguma forma, suprir algo deixado ao lado pelo jornalismo. A questão dos morros do Rio é um dado da realidade que as TVs não aprofundam, perdendo-se num noticiário episódico e superficial.

ZOORÓSCOPO

MOSCA - São os aproveitadores. Vivem de pequenos expedientes, contentam-se com pouco, mas infernizam a vida de quem trabalha. São inúteis, fúteis e inconsequentes. Festeiros que só eles, esquecem que sempre há um dia seguinte. E que, depois da festa, vem sempre a ressaca.

---------

ISRAEL BOMBARDEIA A HUMANIDADE
Walter Medeiroswalterm.nat@terra.com.br

Uma noite de horror, maior que o horror que Israel vem espalhando há décadas, se abate sobre a Faixa de Gaza. Um horror decorrente de uma reação furiosa, desmedida, covarde e vil. Uma invasão que chamam de guerra, quando de um lado estão os tanques, aviões, foguetes e bombas, lançados indiscriminadamente sobre uma população inteira, atingindo crianças, mulheres e idosos indefesos, que vão morrendo às centenas.

Já houve quem dissesse que Israel tem uma ânsia de destruição, uma sede de sangue, e uma torpe vontade de cometer assassinato em massa. Que dilacera a carne de um povo espoliado e massacrado na terra-mãe milenar. Mas a liberdade de um povo, assim como a sua poesia, dilacerada e bela – diz o poeta - ressurge e escapa da destruição, empunhando um fuzil ou um poema, armas de guerra.

Essa verdadeira tragédia não é apenas uma questão regional. É uma tragédia para o mundo inteiro, porque se trata da pratica de uma injustiça. E essa injustiça é considerada uma ameaça para a paz mundial.

O juiz federal Ali Mazloum e o promotor de justiça Nadim Mazloum definem muito bem juridicamente a situação ao afirmarem em artigo publicado na revista Consultor Jurídico que “Um pretexto é o emprego de uma razão fictícia para dissimular a verdadeira intenção. ‘Nós perseguimos os terroristas do Hamas, que se escondem intencionalmente no seio da população’, disse Ehud Barak, ministro da Defesa de Israel, para justificar a recente (atual) matança...’”
Lembram que “Essa crueldade ocorre no momento em que o mundo comemora os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos proclamada em 1948 pelas Nações Unidas (ONU).


Pouco depois, esse mesmo intrigante organismo internacional veio a promulgar a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Para a ONU, secundando a definição cunhada pelo judeu polaco Raphael Lemkin, genocídio é o assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e políticas. Pode referir-se igualmente a ações deliberadas com o objetivo da eliminação física de um grupo humano segundo as aludidas categorias.”

Explicam mais que “Pelas Convenções de Genebra e pelo Estatuto de Roma, a utilização de força aérea contra a população civil é crime de guerra. O genocídio é crime contra a humanidade.” E indagam a seguir: “Por que o mundo está indiferente ao assassinato em massa na Palestina? Onde estão os promotores do Tribunal Penal Internacional – TPI – que não promovem os devidos indiciamentos de autoridades israelenses?”.

O mundo precisa perceber que cada bomba lançada por Israel solta estilhaços em toda a humanidade. Da mesma forma que a invasão ilegal do Iraque custou caro a esta mesma humanidade, principalmente àquela nação, que já sofreu cerca de 100.000 baixas, enquanto mais de 4.000 americanos também perderam a vida, segundo dados oficiais. É preciso que cidadãos de todas as nações digam “basta”, para que – no dizer daqueles juristas – “não roubem das crianças palestinas o direito à vida”.

Nenhum comentário: