quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Foto: Folha de S. Paulo
As mãos sobre o sangue derramado
Emanoel Barreto

O direito de ser humano - Há 60 anos a ONU aprovava a Declaração dos Direitos do Homem. Com 48 votos a favor e duas abstenções, o plenário reconhecia a necessidade de valorização do ser humano, após a barbárie nazista e a explosão de duas bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroxima a Nagasáqui.

Trata-se de lei de profundo conteúdo ético, um alarma, um grito agudo e penetrante em favor do respeito à vida. Assim, a declaração estabelece que "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos", e coloca o homem como centro da história, definido por sua humanidade e não mais por sua classe social.


À vida em sociedade nem sempre correspondeu o respeito à vida enquanto valor inalienável e supremo. E vida, aqui encarada em seu sentido mais largo, pungente, belo, abrange as condições de trabalho, moradia, assistência aos que precisam, cuidados aos que se encontram em situação degradante e humilhante, promoção da pessoa em todos os sentidos.

Vivemos um momento especialmente dramático. As condições históricas nos encaminharam a dilemas universais, cujas conseqüências podem ser o armagedon, hecatombe sócio-bélica ou o Holocausto advindo da imersão de sociedades inteiras na miséria mais hedionda, resultado da exploração desses povos por nações mais poderosas e economicamente concupiscentes. A África é o exemplo mais clamoroso, ante o silêncio criminoso e omisso das grandes potências.
Se olharmos para trás, estendendo esse olhar às origens mais enevoadas do nosso gregarismo, veremos que o homem sempre esteve envolvido com enfrentamentos que resultaram em sacrifícios de vidas humanas, crueldades, morticínios. A par disso, a constituição das sociedade em classes contribuiu decisivamente para a formação de guetos, favelas, zonas de exclusão social, vivendo-se ali uma existência de privações e crueldades sociais inaceitáveis.

A Declaração dos Direitos do Homem é um documento que é moral em sua essência e ético em suas conseqüências. Diariamente, entretanto, é desrespeitado e muitos sucumbem em meio ao maremoto social mais repulsivo.

É preciso viver a vida em plenas condições de dignidade. E se não for dado ao homem a possibilidade de ser humano, que isso seja conseguido pela sua conscientização e progresso da democracia. Pela sua mobilização e movimento coletivo de protesto.

Não há mais como conviver com o escárnio das elites perante os desvalidos, com o cinismo dos poderosos em detrimento dos fracos, com o lamentoso pântano das injustiças, com a sufocação da decência, com o clamor dos inocentes. Não podemos mais nos dessangrar, bater, tripudiar. O Homem deve ter o destino da Paz.


ZOORÓSCOPO


CONDOR - São aqueles que pensam alto, lideram com firmeza e têm larga visão; são bons amigos, sérios e nunca faltam a quem deles precisa. Previsões: como pessoas raras, habitam um mundo truculento e cheio de abismos. Não raro, são vítimas de indignidades e traições. Devem ter cuidado com Lacrau, Cobra e Hiena.

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