Caras Amigas,
Caros Amigos,
A imponente abertura da Olimpíada de Pequim foi um espetáculo de dramaturgia cujos fascínio, beleza, força poética, dramaticidade e esplendor coletivo representavam o que, entendo, seja a essência do ser humano em sua aventura histórica e existencial.
Sob esse aspecto, não há como não aplaudir e até mesmo reverenciar a genialidade de sua concepção, organização e realização. Foi efetivamente a sagração da criatividade, uma espécie de ópera universal; qualquer ser humano poderia sentir-se ali representado, tal o impressionante vigor retórico dos gestos e feitos coletivos ali realizados.
Todavia, é preciso levar em conta outro lado: oculto, estava ali presente todo o poder do Estado chinês, que se utilizou do grandioso espetáculo para dar uma demonstração política de sua capacidade de reunir, mobilizar, adestrar e levar a efeito tudo o que se viu. Os mandarins do poder estatal diziam, em meio à multidão de artistas e demais participantes do espetáculo que, se fez aquilo, poderá fazer muito mais; entenda-se, na produção de bens, na capacidade de controlar multidões, discipliná-las e, quando necessário, loançá-las à guerra.
Sutilmente, ficou entredito que a China pode ser uma ameaça, tão grande quanto os Estados Unidos e seus aliados, a toda a humanidade. No fundo, os mandarins de todo o mundo sabem, desde os romanos, como se utilizar de grandes mobilizações para, através da beleza, exibir seu potencial maléfico.
Hoje, uma equipe do SBT, informam as coisas de jornal, foi "visitada" pela polícia chinesa, por baixar na internet as fotos que estão aqui, ou seja: eles espionam tudo, sabem o que você está fazendo e podem intervir quando bem aprouver.
As fotos são divulgadas pela Anistia Internacional, e com a mesma força retórica da abertura dos Jogos, denunciam o aviltamento, na China, dos direitos do homem. São metáforas desse desrespeito e deploram o totalitarismo. Vamos, de alguma forma, acompanhar as competições, mas sem esquecer que por trás de tudo a mão pesada do Estado está pronta para esmigalhar quem venha a se manifestar ou falar naquela grande amiga do Homem, a Liberdade.
Emanoel Barreto
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