Caros Amigos,
As coisas de jornal informam que Uri Geller, aquele que nos anos 1970 surgiu no mundo da notícia como um fenômeno, um homem capaz de dobrar colheres de metal e consertar relógios com o poder da mente, ataca outras vez: agora, anuncia que procura um sucessor, mas que, mesmo assim, não pretende se aposentar. Há uma certa incoerência nisso, mas, tudo bem. Como ele gosta de ser o espetáculo é até compreensível, percebe?
Pois bem: apostando no sucesso dos reality shows, promoverá um concurso numa TV alemã, para encontrar pessoas que tenham "talentos incríveis". Dessas, uma será seu "sucessor". A produção será levada a outros países, até o apogeu: em mais alguns anos, ele fará a escolha final, com um reality show em Las Vegas. Melhor lugar, claro, não existe para tal façanha...
Na sociedade do espetáculo, o israelense pretende tirar o maior proveito. Num mundo onde a fascinação vale mais que a realidade, quando a simulação e a dissimulação imperam sobre mentes que estão adestradas como aquele cãozinho de Pavlov, as proezas de Geller chegam bem a calhar.
Povos inteiros passam fome, nações se curvam ao peso da pobreza e da miséria; na intimidade de casas, no oculto das palafitas, no esconderijo amargo de corações aterrorizados, a condição humana grita seu uivo mais doloroso. Enquanto isso, tipos como Geller se aproveitam da situação planetária de pão e circo para encher os olhos das pessoas de fatos incríveis ou situações no mínimo ridículas, como o BBB, que pautam a agenda do público e se inserem no cotidiano - como se o mexerico fosse algo de importante, como se a decência seja algo deplorável.
Não tenho dúvida de que o sucesso será estrondoso e até suspeito que o programa venha a ter sua versão brasileira. Enquanto isso, oremos.
Emanoel Barreto
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