Caros Amigos,
Caminhando pela feira de San Telmo, Buenos Aires, parei frente a um artista de rua. Trabalhava com uma marionete, a triste figura de um borracho. Garrafa na mao direita, malvestido, o boneco executava, ao comando dos cordèis, passos de bebado ao som de um tango, que saìa, cheio de dolor, de um aparelho fanhoso.
O pobre boneco representava bem a figura dos descamisados de Evita Peròn, sofrendo màgoas, chorando alguma tràgica separacao, golfando tangos cheios de profunda e trëmula angùstia. Olhando aquele artista, que repetia sempre o mesmo nùmero, vi nele o perfil do equilibrista da vida. Ganhando essa mesma vida ao lado de um boneco. O boneco, o bebado: o artisya, o equilibrista.
Certamente, todos os dias, ganha os seus cobres e depois volta â sua habitacion. Creio que vi ali, bem exposta, toda a pulsante tragicidade de alma portenha. E, como no Brasil, aqui tambèm hà bebados e equilibristas.
Um abraco,
Emanoel Barreto
PS: È impossivel colocar a acentuacao tonica. O computador nao esta programado para isso. Assim, fiz o texto da forma que me foi possivel.
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