segunda-feira, 21 de maio de 2007

E Romário faz seu milésimo gol. Mas...

Pronto. Romário fez o milésimo gol. Tarefa cumprida? Não. Pelé, a quem tomou como modelo para chegar ao recorde, já avisou pela imprensa: "Fala para ele que agora só faltam 282 gols", referindo-se ao total de gols que fez, quando participou das equipes do Santos, Cosmos e Seleção Brasileira, ou seja: 1.282 gols.

A pobre e vã filosofia do senso comum, que estabelece metas, entrona ídolos, determina comportamentos e padrões capturou o jogador, como captura qualquer pessoa que não se aceite dentro de sua própria realidade e busque desesperadamente ser como outro.

Ele não fez o gol para si, nem por si. O Gol foi feito para a mídia, para os outros, para a multidão de rostos anônimos que acompanham o futebol. E nem foi no Maracanã... A TV Globo, que serviria de termômetro para avaliar a importância do evento, não transmitiu o jogo. Por aí já dá para sentir a importância do tal milésimo.

Carreiras profissionais são irrepetíveis. Olimpianos jamais são completamente imitados. Alguém pode até ser tão grande quanto outro, mas jamais será aquele outro - e Romário nem foi tão grande quanto Pelé.

Precisamos aprender a viver e a ser como nós mesmos. Senão, estaremos sempre cumprindo um trabalho de Sísifo, empurrando com o peito uma pedra até o alto de uma montanha. Lá em cima ela despenca e começamos tudo de novo.

Romário fez os mil gols, mas Pelé já avisou: ainda faltam mais alguns...

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