Arrasta-se no senado uma luta intensa e surda, com golpes e contragolpes, pressões se empurrando no recinto estreito da insalubridade moral. O presidente da Casa, Renan Calheiros, insiste em permanecer no cargo, a despeito da fartura de provas de que mantinha concubinato ético e financeiro com lobistas, relação da qual retirava as trinta moedas com as quais sustentava uma filha tida fora do casamento.
Senadores, ontem, fizeram apelo ao seu bom senso, a fim de que renunciasse, para que a instituição seja poupada dos apupos e do achincalhe a que se acha exposta aos olhos da nação.
Ele reagiu. Como que prevendo a chuva de palavras de advertência, todas feitas em com cerimonioso e polido ele, sentado à cadeira presidencial, refutou a todos os argumentos com um discurso previamente redigido, eivado de um cinismo que beirava o deboche. Disse que estava sob a proteção de sua inocência e assim não se afastaria do cargo.
A honradez é o desmancha-prazeres dos desordeiros morais. Renan demonstra uma incrível capacidade de resistir, em meio ao fragor de tempestade que instaurou-se por sua própria culpa.
Até quando a sociedade brasileira, em seus costumes, sua cultura e sua visão de mundo, enquanto ser coletivo, continuará a produzir seres como esse senador?
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