sexta-feira, 4 de maio de 2007

A grande presença do Homem Aranha

O lançamento do filme Homem Aranha III parece haver se tornado em matéria de alta relevância para alguns dos jornais nacionais de referência. Claro, o assunto não é manchete. Pudera. Mas, seja em papel ou em versão impressa, a aventura do jovem que tem supostos poderes aracnídeos e enfrenta vilões terríveis e absolutamente inacreditáveis, está atraindo a atenção de jornalistas, como se o mundo não tivesse mais no que pensar.

Campanha publicitária disfarçada de notícia ou não, o certo é que o Homem Aranha está atraindo as atenções e ajudando nos mecanismos escapistas do, aí sim, perigoso cotidiano.

Agora, o herói perde sua tradicional roupa com as cores da bandeira americana e de repente está vestido com um colant totalmente negro, torna-se arrogante e adorador de seu próprio ego.

Soturno em sua indumentária de trevas, o personagem como que busca expressar seu lado desconhecido - traz, para o contexto da narrativa, uma fugaz, superficialíssima questão existencial, o drama de ser, intimamente, algo híbrido, deformado: uma aranha, para nós, símbolo do perigo, silencioso e pérfido. Mas que, ao mesmo tempo, luta, maniqueisticamente, "ao lado do bem".

Vivemos um tempo de fabulações do horror, da simulação e da dissimulação. O cinema, que sempre viveu de codificar as ilusões, davaneios e, também, crítica do homem a respeito de sua condição existencial, está atualmente passando por um período de total falsificação de suas histórias, com o uso abusivo de efeitos especiais.

Infelizmente, na vida, não dá, para, num toque de teclado de computador, fazer as coisas virarem boas e, no fim, tudo dar certo. No mais, é lamentar que os jornais estejam perdendo tempo com esse tipo de coisa.

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