terça-feira, 14 de novembro de 2006

Cárcere mental: a pior das prisões

A forma massiva como a publicidade e a propaganda utilizam suas mensagens para literalmente prender a atenção, seduzindo leitores, ouvintes e telespectadores tornou-se, com a sofisticação das tecnologias e da formulação de conteúdos de convencimento, uma forma virtual de prisão.

Coletividades formadas por milhões de pessoas, globalmente, atendem aos chamamentos e incorporam a seus comportamentos atitudes de consumo, seja de idéias ou de produtos. A própria idéia, de alguma forma, é um produto, já que manipulada pela indústria cultural. As campanhas políticas e os padres e pastores midiáticos são a prova disto.

As sociedades humanas, ao longo do tempo, entretanto, sempre conviveram com essa forma de prisão mental. Desde o tempo em que os humanos viviam em hordas, passando pelas Idades Antiga e Média, até hoje, as determinações e crenças sempre ditaram os comportamentos coletivos. Sacerdotes, líderes políticos e militares mobilizavam os povos em torno de suas pregações e convocações, mantendo em hegemonia um determinado status quo.

O grande perigo dos cárceres mentais de hoje, entretanto, é que, com a facilidade e velocidade da comunicação de massa, criou-se uma espécie de território invisível e vasto, quando, através de filmes, internet, TV e jornais, somos todos incluídos nessa fluida comunidade, participando da ordem geral: compre, siga, acredite, busque sua salvação.

E mesmo quando nossos filtros de percepção rejeitam a intenção manipuladora, guiados por valores interiores como moral ou convicções de ordem político-ideológica, aqueles que assim procedem são uma minoria. Desta forma, termina por prevalecer a lei do consumismo e da submissão aos ditames de quem se volta para o lucro; mesmo que às custas do sacrifício e da ilusão imposta a todos os que se curvam à ordem ditada pelas leis de mercado, que disseminam com eficácia falsas necessidades e comportamentos padronizados.

Objetivamente: quem compra aquele celular que até serve para telefonar, é in; quem não acompanha a onda, é out. O pior de tudo é o paradoxo: eu e você somos in. Afinal, é forçoso reconhecer, estamos inseridos na internet... É incrível, mas não é inverdade...

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