sábado, 28 de outubro de 2017

O sonho acabou



Adeus, Novo Jornal; aquele abraço
 O fim do Novo Jornal é mais um passo para o encerramento do ciclo impresso do jornalismo no Rio Grande do Norte. Paradoxalmente, é num texto de internet que lamento a despedida de um jornal impresso que, quando foi lançado, era magnífico em diagramação e qualidade de texto.

Depois, aos poucos, tristemente, tornou-se feio, bisonho, desinteressante em forma e conteúdo. Salvavam-se apenas os colunistas de opinião, crônica e articulistas.
As reportagens sumiram, o noticiário perdeu o impacto, os títulos afastaram-se de sua picardia; deixaram de ser coloridos e fortes, agressivos e poderosos, magníficos como dribles de Garrincha. O jornal murchava a olhos vistos.

Lembro de matéria assinada pelo repórter Paulo Nascimento, que durante toda uma manhã meteu-se num caminhão de lixo e trabalhou exaustivamente como gari. Suou, cansou-se e produziu texto vigoroso, belíssimo.
Isso é jornalismo, feito por repórter de jornal impresso. Faz a diferença.
E o que dizer de Rafael Barbosa e suas incursões no submundo das delegacias e do crime? Conversas com marginais, captura da vida bandida, caçada à dor e ao medo, encontro com o ódio escondido nas balas, o criminoso contando sua história, vítima chorando os seus mortos...
Falo com alguma autoridade pois fui repórter policial e sei como é entrar num carro de reportagem e sair à procura da desgraça. 

Tudo isso sumiu do Novo. A equipe era boa, mas a orientação editorial, na fase de sucumbência, não permitia mais a grandeza dos tempos de fundação do jornal.
Afinal, ontem alguém ligou-me dizendo que o Novo ia acabar. Lamentei. Comprei exemplar da última edição. Espero que a Tribuna do Norte saiba resistir. 



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