Temer, o barro e um pedaço de isopor
Parasitado
por um presidente que despresidenciou-se; e pior, recusa-se a viver sua condição
de pessoa inapropriada para o cargo, o Brasil vive possivelmente seu mais
paradoxal – e a cada dia mais perigoso – momento histórico.
Cercado por
aliados que, dizem até mesmo seus mais leais jornalistas, estão preparados para
dar o bote caso Temer tropique mais forte, o despresidente insiste em ficar no
cargo.
Tem ciência
e consciência de que seus atos terão graves, gravíssimos desdobramentos ao
longo da História, especialmente sobre a classe trabalhadora, mas está aferrado
a uma obsessão: “Não renunciarei.”
Temer sabe
que não é estadista, consequentemente não é líder, sequer um gerente atilado e
determinado. Trata-se tão-somente de alguém que, pelos azares da sorte, chegou ao
cargo que lhe coube, mas sem a virtù ou a fortuna de que falava Maquiavel.
Acolitado por indivíduos a quem os processos acossam, enredado em situações que se alteram
com o rumo dos ventos, gritando sentenças que buscam sufocar o
povo, o despresidente, ele mesmo um acossado, é como um náufrago que confia sua
salvação a um pedaço de isopor.
As coisas
de jornal que tenho lido apontam para rumos escuros, situações de incertezas. Fala-se
que ele, se for cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, vai apelar.
Isso
delongará ainda mais sua despresidência: com isso todos saem perdendo: especialmente
o Brasil e seus degredados das favelas e arrabaldes.
Vale lembrar:
foi o PSDB, hoje seu aliado mais perfeito, quem perpetrou o pedido de cassação
da chama Dilma/Temer.
Veja-se o miserável nível, a perversa situação a que
chegou nossa política: agora, o mesmo PSDB defende a permanência daquele a quem queria
expulso do cargo.
E esse mesmo partido integra o governo que quer depor.
Mas, não esqueçamos: o PSDB defende Temer,
mas, quando ele tropicar mais seriamente, será o primeiro a dar o rabo de arraia que vai
atirá-lo ao barro.
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