Empresários safados,
políticos ladrões
Vi nas folhas que setores do mercado
estão “preocupados” com a demora da Operação Lava Jato. Segundo diziam as
notícias os elementos que assim haviam se pronunciado estavam “preocupados” com
a “retomada do crescimento” do país.
Em outras palavras: a Lava Jato seria
fator de retardo do tal desenvolvimento, pois investidores internacionais
estariam temerosos da “insegurança” aqui reinante e assim refugam em aplicar
seu rico dinheirinho, o mesmo se dizendo dos capitalistas indígenas. Por isso
deveria a Lava Jato ser encerrada
imediatamente.
Mas, temo, as verdadeiras
intenções do tal mercado seriam as seguintes: “É bom pará, ó! Os caras querem
voltar a ganhar money na mutreta e a gente não aguenta mais esse negó de
empresário rico metido na gaiola. Pó pará! Pó pará!”
É isso, o mercado quer que a Lava
Jato chegue ao fim porque veio perturbar os sonhos, projetos e propósitos; mais
que isso, veio atrapalhar as perpetrações dos criminosos de colarinho branco. E
perpetração é algo essencial a um certo tipo de empresário. Perpetrar é preciso, o povo não é preciso.
Mais: sobre o assunto corrupção cumpre acrescentar
detalhe de importância jornalística: a grande imprensa, pelos seus diversos
segmentos, dá grande destaque aos criminosos que ocupam cargos públicos; há saliência
e ênfase ou seja: destaca-se o assunto (saliência) e dá-se sustentação ao
noticiário a respeito (ênfase), mantendo-se bandidos como Cerveró ou Delcídio
na berlinda das maldições e descompostura social.
Acho justíssimo. Por mim tais
elementos, que eram agentes públicos, pegariam prisão perpétua em cárcere comum
junto a traficantes, estupradores e assaltantes. Comeriam a mesma comida, dormiriam no mesmo chão.
Mas também acharia justíssimo o
desenvolvimento de um jornalismo voltado para explicitar de forma aprofundada a
ação de Odebrecht, por exemplo. Melhor dizendo: acharia justíssimo que se fizesse
jornalismo interpretativo e investigativo, deixando às claras o quanto as
grandes empresas privadas já surrupiaram do povo brasileiro.
Do jeito que as coisas são apresentadas
tem-se a impressão de que o bandido público é o único culpado, ficando o empresário
assaltante meio em segundo plano, quando, na verdade é tão culpado quanto o agente
público que atuou na falcatrua.
Ou seja: é preciso mostrar que
entre o grande empresariado corruptor desenvolveu-se a cultura desse tipo de furto
luxuoso, que existia em maio a proverbial impunidade. É preciso contar como isso
vinha funcionando, como contaminava as relações entre o público e o privado e, acima
de tudo, como retirava dinheiro que deveria ser aplicado em favor dos mais
pobres.
Por isso é importante que a Lava
Jato não tenha prazo para terminar e incrimine, prenda e apresente ao país os perigosíssimos
criminosos que o espoliam.
É preciso intimidar funcionários públicos
corruptos e políticos safados, bem como deixar avisados aos grandes empresários
corruptores que eles não estão acima da lei. O barulhinho das algemas precisa assombrar o
sono desses meliantes.
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Ilustração: https://www.google.com.br/search?q=empresarios+ladr%C3%B5es&client=firefox-b&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiVmuOy4cDNAhWHTZAKHd-QDSsQ_AUICCgB&biw=2144&bih=1030&dpr=0.9#imgrc=3yP-404XsIfeUM%3A
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