sexta-feira, 24 de junho de 2016

Mercado quer parar a Lava Jato



Empresários safados,
políticos ladrões

Vi nas folhas que setores do mercado estão “preocupados” com a demora da Operação Lava Jato. Segundo diziam as notícias os elementos que assim haviam se pronunciado estavam “preocupados” com a “retomada do crescimento” do país. 
 

Em outras palavras: a Lava Jato seria fator de retardo do tal desenvolvimento, pois investidores internacionais estariam temerosos da “insegurança” aqui reinante e assim refugam em  aplicar seu rico dinheirinho, o mesmo se dizendo dos capitalistas indígenas. Por isso deveria a Lava Jato  ser encerrada imediatamente. 

Mas, temo, as verdadeiras intenções do tal mercado seriam as seguintes: “É bom pará, ó! Os caras querem voltar a ganhar money na mutreta e a gente não aguenta mais esse negó de empresário rico metido na gaiola. Pó pará! Pó pará!”

É isso, o mercado quer que a Lava Jato chegue ao fim porque veio perturbar os sonhos, projetos e propósitos; mais que isso, veio atrapalhar as perpetrações dos criminosos de colarinho branco. E perpetração é algo essencial a um certo tipo de empresário. Perpetrar é preciso, o povo não é preciso.

Mais: sobre o assunto corrupção cumpre acrescentar detalhe de importância jornalística: a grande imprensa, pelos seus diversos segmentos, dá grande destaque aos criminosos que ocupam cargos públicos; há saliência e ênfase ou seja: destaca-se o assunto (saliência) e dá-se sustentação ao noticiário a respeito (ênfase), mantendo-se bandidos como Cerveró ou Delcídio na berlinda das maldições e descompostura social. 

Acho justíssimo. Por mim tais elementos, que eram agentes públicos, pegariam prisão perpétua em cárcere comum junto a traficantes, estupradores e assaltantes. Comeriam a mesma comida, dormiriam no mesmo chão.

Mas também acharia justíssimo o desenvolvimento de um jornalismo voltado para explicitar de forma aprofundada a ação de Odebrecht, por exemplo. Melhor dizendo: acharia justíssimo que se fizesse jornalismo interpretativo e investigativo, deixando às claras o quanto as grandes empresas privadas já surrupiaram do povo brasileiro. 

Do jeito que as coisas são apresentadas tem-se a impressão de que o bandido público é o único culpado, ficando o empresário assaltante meio em segundo plano, quando, na verdade é tão culpado quanto o agente público que atuou na falcatrua. 

Ou seja: é preciso mostrar que entre o grande empresariado corruptor desenvolveu-se a cultura desse tipo de furto luxuoso, que existia em maio a proverbial impunidade. É preciso contar como isso vinha funcionando, como contaminava as relações entre o público e o privado e, acima de tudo, como retirava dinheiro que deveria ser aplicado em favor dos mais pobres.  

Por isso é importante que a Lava Jato não tenha prazo para terminar e incrimine, prenda e apresente ao país os perigosíssimos criminosos que o espoliam. 

É preciso intimidar funcionários públicos corruptos e políticos safados, bem como deixar avisados aos grandes empresários corruptores que eles não estão acima da lei. O barulhinho das algemas precisa assombrar o sono desses meliantes. 
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Ilustração: https://www.google.com.br/search?q=empresarios+ladr%C3%B5es&client=firefox-b&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiVmuOy4cDNAhWHTZAKHd-QDSsQ_AUICCgB&biw=2144&bih=1030&dpr=0.9#imgrc=3yP-404XsIfeUM%3A

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