sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A história de uma beleza imensa



Meu primeiro amor se chamava Hélbia

Era esguia como um gesto de bailarina. E se chamava Hélbia. Era finíssima, elegante, delicadamente bela. Quando a vi pela primeira vez encantaram-se-me os olhos e caiu-me o olhar em sua beleza imensa. Hélbia. Quando a toquei senti o que era amar. E se chamava Hélbia. 

Mas, lamento, ela não era para mim. Estava irremediavelmente presa, comprometida com meu primo. A ele ela pertencia; como um pertence, um prêmio que ele soubera e tivera a sorte de, antes de mim, conhecer e possuir. Hélbia.

Eu a conheci numa viagem de férias, visita a esse primo; ele, um moço bom, que de repente e sem querer era meu rival. Era rival e nem sabia, pois nunca lhe disse.

Passei uma semana em casa dele; Hélbia sempre por perto. Ficou comigo poucas vezes, estranha e fugidia beleza. Companheira de poucos momentos. Até que fui embora e nunca mais a vi. 

Hoje lembrei-me de Hélbia, minha primeira paixão. Fiquei por uns instantes com saudades de Hélbia. Mas não era uma moça. Hélbia era a marca da bicicleta do meu primo, a mais incrível bicicleta que já pedalei.