"Não é justo alguém ter o direito de ter uma empresa de aviação e outro não ter o direito de comer um pão." /////// JAMAIS IDE A UM LUGAR GRANDE DEMAIS. A UM LUGAR AONDE NÃO TENHAIS CORAGEM DA IMENSIDÃO - EMANOEL BARRETO - NATAL/RN
sábado, 1 de março de 2014
O carnaval e o quadril da mulher. Ave!
Esquentai vossos pandeiros
Emanoel Barreto
Chegou a festa; a cuíca zurra sua sua cantiga bárbara, lúbrica, luxuriosa - e geme; o cavaco solta acordes finíssimos agudos como ponta de florete; surdos marcam, profundos, o ritmo que alucina; tamborins são sopranos em ária sensual; caixas atiram-se para a frente cantando a liturgia do prazer. Mulatas flertam com o desejo agarrado às suas ancas. É o Brasil em festa. É o carnaval como fascinante sagração do desvario. E os pandeiros entoam seu ritmo feiticeiro.
Chegou a festa. Somos a civilização de Baco, somos o povo feliz. Feliz por quatro dias, feliz pela ilusão criada de sermos felizes por exatamente quatro dias.
Samba, suor e cerveja são nossos deuses lascivos. Com eles iremos até o fim. Até que o último arquejo licencioso se cale, até que a última gota esgote o jato libertino vamos ser felizes, vamos ser felizes por quatro dias.
Viva o Brasil. Viva essa alegria louca que confunde mas aplaca; que excita mas acalma, palpitando no coração por mais loucura. Viva o Brasil. Viva o carnaval. Viva a mulata que esconde nos quadris a imoderação e todas as suas delícias.
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