O povo e o tormento político
"Cada
povo tem o governo que merece." O ditado é cínico e reducionista, mas
em alguma coisa nele encontro razão. Ou seja: os políticos não vêm de
outro planeta; não são, portanto, alienígenas: nem no sentido dos filmes
de seres do espaço ou na acepção de pessoa de outro país. Nada disso:
os políticos brotam do mesmo solo social que o restante da sociedade a
quem eles, normalmente, costumeiramente, atormentam.
No
Brasil, não somos o povo do jeitinho, do funcionário que aceita propina
para dar andamento no processo, do sujeito que toma lugar de cadeirante
no estacionamento, que suborna policial de trânsito? Somos. Então, essa
cultura, esse estado de coisas, migra, é naturalizado e chega aos
escaninhos do Poder, aos gabinetes, aos escritórios das grandes
companhias. E daí isso salta para leis que prejudicam, agrega-se às
grandes negociatas, torna-se prática abominável, mas tida como
demonstração de esperteza, "sabedoria".
Tal
situação somente se modificará com uma ação persistente, firme,
constante, consistente. É preciso punir o grandão, o tubarão, como é
preciso punir o funcionariozinho que ganha a gorjeta. Da mesma forma é
preciso reagir aos pequenos trambiques, ao desrespeito cotidiano
daquele que toma vaga de velhinho em fila, tranca o outro no trânsito.
Caso
continuemos valorizando a esperteza permanecerá a ordem da perversidade.
E os políticos continuarão os mesmos, porque mesmo será o povo que os
elegeu e de alguma forma avaliza seus péssimos procedimentos.
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