As coisas de jornal no Estadão Online apresentam uma amável invenção, o Smera, carrinho movido a eletricidade, para um só passageiro. Coisa futurista, para marinetti nenhum botar defeito. Pudera: o carro não polui, não faz barulho, é facílimo de estacionar e tem um jeito engraçadinho. Tecnologia, digamos, bonachona, para um mundo que parece se encaminhar para uma idade de barbárie sofisticada, quando a grande tecnologia volta-se com vigor inaudito para o belicismo cirúrgico e para um neoliberalismo onde valerão sempre e mais as leis do mercado, a competição imperativa.
Só que o carrinho, tão bonitinho - quase digo bonzinho -, tem um probleminha: está inserido nesse após cortina do futuro que já se achegou: ele produz e reproduz com eficácia singular a solidão, o individualismo, a pressa do condutor para trabalhar mais rápido e atender às exigências do mercado, a submissão da pessoa humana a um sistema de exploração que tem por objetivo usar o homem da maneira mais completa.
Acho que prefiro o calhambeque
da velha canção de Roberto Carlos.
Emanoel Barreto
Foto: Efe
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