Caros Amigos,
Diante de tanta confusão a respeito da caixa-preta da Tam, entendo que, de alguma forma, o Brasil, com seus descaminhos, casos fortuitos, coisas inesperadas, tramas escusas, atos nebulosos, inquéritos jamais concluídos, políticos da estatura moral de Renan Calheiros e outros quejandos é, à sua maneira, também uma enorme caixa-preta.
Portanto, precisa ser desvendada. Mas, como se sabe, caixas-pretas somente podem ser abertas e analisadas nos Estados Unidos. Assim, o Brasil deverá ser embalado, cuidadosamente embalado, e enviado aos EUA. Mas, como aqui as coisas não funcionam bem, algum funcionário esquecerá de comunicar que o Brasil está chegando por lá para ser examinado, e então acontece o seguinte: aquele pacotão vai chegar, terá apenas a inscrição "fragile" na embalagem, nada de remetente ou destinatário, e os americanos ficarão loucos: vão pensar que Osama enviou para lá uma bomba de alto poder mortífero e convocarão todos os seus setores de segurança.
O Pacote-Brasil vai virar, aí sim, para eles, o verdadeiro Risco-Brasil. Os maiores peritos em explosivos serão chamados e dirão: "Oh! My God!", tão logo auscultarem o pacote e ouvirem os tiros sendo disparados no Rio de Janeiro: "It's dangerous! Run! Run! Run!"
E todos sairão correndo, ante o temor da explosão, pois o pacote estará sendo agora movido por grandes abalos. São os senadores amigos do Renan tentando desesperadamente dizer que trata-se de um santo homem, devoto e dedicado à família, injustiçado e probo. Serão tantos os corre-corres, que eles acabarão provocando grandes sismos no pacote.
Depois, silêncio total. Os especialistas se aproximarão com todo o cuidado e abrirão o grande pacote. E aí, encontrarão a enorme caixa-preta. E dirão: "What is it?" Pé ante pé, medo retesado à máxima tentão, irão abri-la. Pronto, a caixa-preta está aberta.
E então, quando descobrirem que estão vendo o Brasil em funcionamento, ficarão tão apavorados que dirão: "Dephressa, vamous mandhar devoulver pahra Porthugal..."
E mandam tudo para os patrícios. E, quando eles abrirem, em prantos cantarão fados tão tristes, e tão dolorosos versos seus, que banharão de dor tod'alma lusitana. E, em lágrimas lamentosas, dirão: "Meu Deus, meu Deus, o que foi que nós criamos?"
Abraços,
Emanoel Barreto
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