domingo, 9 de julho de 2006

"Ainda tenho os dez últimos cartões da lotofácil acumulada..."

"Há duas coisas infinitas:
o universo e a tolice dos homens,"
Albert Einstein
Feira de Artesanato de Belo Horizonte, neste domingo, de manhã. A voz da moça cega destacava-se no meio do burburinho generalizado, que apregoava produtos da mais alta qualidade, o talento e sensibilidade do artesão mineiro. A cantilena, que tinha algo de triste, de apelo, de chamamento, era como quem diz "me ajude, preciso vender esses bilhetes da sorte", mas também insinuava: "Se você comprar, pode ficar rico..."

Eu já estava atento àquele momento tão humano e tão forte, aquela voz humilde apregoava seu produto e pedia para ser ouvida. Ora, ela competia com artesanato de alta qualidade e somente tinha a vender, pobremente, uma promessa vaga de que alguém, comprando algum dos seus bilhetes da Lotofácil, poderia vir a ser rico de uma hora para outra.

A moça feia e pobre chamou mais a minha atenção que artesanato belo e bem acabado. Sua cantilena, monótona, surgia somente um pouco acima do confuso barulho de colméia que inundava a feira. Mas a humanidade do momento era comovente.

Afinal parei e, ao lado da minha mulher, fomos até a moça e compramos um dos "últimos dez cartões da Lotofácil acumulada." Saí da feira, ela perdeu-se em meio à multidão e, sinceramente, espero que ela tenha reservado um cartão para si. Afinal, quem traz esperança, também deveria ter, pelo menos um pouquinho, uma oportunidade de, um dia, a vida se tornar melhor e menos escura.
PS: Se puder, repasse aos amigos, dizendo que tem nova postagem no Coisas de Jornal.
Abraços,
Emanoel Barreto

Um comentário:

Anônimo disse...

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