quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

 É preciso retirar os malditos,

respeitar os yanomami

Por Emanoel Barreto

A tragédia Yanomami, impulsionada vigorosamente por Bolsonaro quando abriu as porteiras do inferno, da destruição e do descalabro ao garimpo estúpido e seus grandes financiadores, ainda hoje ocultos, é o visor por onde podemos observar a histórica e desastrosa presença do dito progresso acossando os povos ancestrais.

Tudo começou há séculos, com os contatos do europeu com os indígenas, aqui e em todos os locais onde havia povos autóctones. O expansionismo europeu resultou no surgimento de colônias e depois em países independentes e urbanizados, que cxobiçavam as terras ocupadas pelos... bárbaros. Ao longo do processo os naturais da terra foram expulsos, isolados, cercados em reservas, mortos...

Junto a isso todo um processo de descaracterização e busca da aculturação via catequese, “civilização dos silvícolas”, suposta elevação de seus padrões morais e uma hipócrita inclusão daqueles em nossos usos e costumes. Deu no que deu.

Na verdade, o que havia era a destruição de muitas culturas, abalo de modos de vida inteiramente inseridos e harmônicos com a natureza; desrespeitavam-se também comportamentos milenares, crenças, deuses, rituais – enfim, toda uma estrutura humana que jamais, antes dos brancos, precisou de mudanças ou orientações para continuar a existir em seu contato direto, em sua sagrada e nua naturalidade intensa e fulgurantemente orgânica como integrante da natureza em seu esplendor e desafios.

A hecatombe praticada com os yanomami é a prova mais crua do arbítrio e estupidez dos civilizados sobre os, digamos, primitivos: suas terras invadidas; seus rios contaminados; suas vidas desgraçadas. Tudo pela presença da ganância e da violência.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, disse em entrevista, ao ser questionada a respeito do que os yanomami querem: “Eles querem paz.” Simples assim: eles querem paz, querem que os malditos sejam retirados, querem sua floresta de volta, querem seus costumes respeitados, seus deuses – querem, enfim, sua vida. Pronto. Só isso.

O problema é complexo, e a vida como era antes, bem antes, é algo que chegou ao plano das impossibilidades. Assim, a sociedade e o governo federal têm a obrigação de retirar e punir os garimpeiros, impedir a sua volta e meter na cadeia os grandes financistas, os capitalistas que estão levando à floresta seus interesses sujos, a busca do lucro abjeto e ruim.

Isso tem que parar. Isso tem que parar. Isso tem que parar.

 

 

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