É preciso retirar os malditos,
respeitar os yanomami
Por Emanoel Barreto
A tragédia Yanomami, impulsionada
vigorosamente por Bolsonaro quando abriu as porteiras do inferno, da destruição
e do descalabro ao garimpo estúpido e seus grandes financiadores, ainda hoje
ocultos, é o visor por onde podemos observar a histórica e desastrosa presença do dito progresso acossando os povos ancestrais.
Tudo começou há séculos, com os contatos do
europeu com os indígenas, aqui e em todos os locais onde havia povos
autóctones. O expansionismo europeu resultou no surgimento de colônias e depois
em países independentes e urbanizados, que cxobiçavam as terras ocupadas
pelos... bárbaros. Ao longo do processo os naturais da terra foram
expulsos, isolados, cercados em reservas, mortos...
Junto a isso todo um processo de
descaracterização e busca da aculturação via catequese, “civilização dos
silvícolas”, suposta elevação de seus padrões morais e uma hipócrita inclusão
daqueles em nossos usos e costumes. Deu no que deu.
Na verdade, o que havia era a
destruição de muitas culturas, abalo de modos de vida inteiramente inseridos e
harmônicos com a natureza; desrespeitavam-se também comportamentos milenares,
crenças, deuses, rituais – enfim, toda uma estrutura humana que jamais, antes
dos brancos, precisou de mudanças ou orientações para continuar a existir em
seu contato direto, em sua sagrada e nua naturalidade intensa e
fulgurantemente orgânica como integrante da natureza em seu esplendor e
desafios.
A hecatombe praticada com os
yanomami é a prova mais crua do arbítrio e estupidez dos civilizados sobre os,
digamos, primitivos: suas terras invadidas; seus rios contaminados; suas vidas
desgraçadas. Tudo pela presença da ganância e da violência.
A ministra dos Povos Indígenas,
Sônia Guajajara, disse em entrevista, ao ser questionada a respeito do que os
yanomami querem: “Eles querem paz.” Simples assim: eles querem paz, querem que
os malditos sejam retirados, querem sua floresta de volta, querem seus costumes
respeitados, seus deuses – querem, enfim, sua vida. Pronto. Só isso.
O problema é complexo, e a vida
como era antes, bem antes, é algo que chegou ao plano das impossibilidades. Assim,
a sociedade e o governo federal têm a obrigação de retirar e punir os garimpeiros,
impedir a sua volta e meter na cadeia os grandes financistas, os capitalistas
que estão levando à floresta seus interesses sujos, a busca do lucro abjeto e
ruim.
Isso tem que
parar. Isso tem que parar. Isso tem que parar.
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